Yagisawa: A busca do amor impossível

CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha

Comprei o livro por três razões: pela linda capa (sim, também o faço), por conhecer muito pouco da literatura japonesa (com a excepção de Murakami e de Shusaku Endo e de Yukio Mishima) e pelos livros e livrarias e o maior bairro de livrarias do mundo em Tóquio: Jimbocho, onde se passa a acção.
No início não se dá muito por ele, mas também são assim as grandes amizades, seguimos leves pelos parágrafos e aterramos nesse bairro de livrarias que desconhecia, na livraria Morisaki de literatura moderna, onde se referem autores que desconheço totalmente: Fukunaga Takehiko e Ozaki Kazuo; Mori Õgai e Oda Sakunosuke; Inagaki Taruho e Mushanokōji Saneatsu. É por isso que livros levam a livros que levam a livros.
Mas também trata de pessoas que nos amam sem esperarem nada em troca, como é próprio do verdadeiro amor e não daquele possessivo e egoísta e por isso dúbio, encontrado noutras paragens, mas também por vezes por aqui.
Também serve para descrever e ultrapassar o que nos dói sempre apesar de ser passado ou por isso mesmo. A Livraria como ponto de viragem e de passagem e sossego para a alma e para a vida. Tal como acontece connosco durante o dia quando entramos para respirar um pouco de tranquilidade naquele ar bafiento que nos preenche e protege “Devias dizer que cheira às manhãs depois de chover.”
A busca do amor impossível porque feito de desencontros ou de desafios, mesmo de interpretações abusivas ou toscas, porque afinal “os homens são criaturas simples.” Nem todos, acrescentaria eu sem hesitar. Nem todos.
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Satoshi Yagisawa
Os Meus Dias na Livraria Morisaki
Editorial Presença  13,90€

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