Vitor Manuel Araújo de Oliveira | A Evolução das Formas Urbanas de Lisboa e Porto nos Séculos XIX e XX


1-De que trata este seu livro “A Evolução das Formas
Urbanas de Lisboa e Porto nos Séculos XIX e XX”?
R-Este livro tem por base um trabalho de investigação em
Morfologia Urbana, a ciência que estuda a forma urbana. Tomando Lisboa e Porto
como objeto de análise, o livro centra-se no modo como as formas urbanas (as
ruas e as praças, os quarteirões, os edifícios correntes e os edifícios
excecionais) destas cidades foram evoluindo ao longo dos dois últimos séculos.
Procura perceber não só a dimensão física das cidades, mas também o modo como
os diferentes atores e os diferentes processos de transformação foram moldando
essa dimensão física. Neste sentido, dedica especial atenção à ação pública
sobre o território, materializada na prática de planeamento urbano, percebendo
as alterações que essa mesma prática foi sofrendo desde meados do século XIX
até aos nossos dias. A primeira parte do livro oferece ao leitor um
enquadramento teórico e metodológico em Morfologia Urbana, identificando as
suas origens, desenvolvimentos e características fundamentais das suas
abordagens dominantes. Este enquadramento suporta a construção de uma matriz de
análise que irá ser aplicada no estudo de Lisboa e Porto. Na segunda parte
caracterizam-se os processos de expansão das duas cidades, identificando
diferentes padrões em diferentes tempos e espaços destas cidades, e
evidenciando os impactos dos grandes documentos de planeamento.
2-De forma resumida, qual a principal ideia que espera
conseguir transmitir aos seus leitores?
R-A ideia fundamental é que o campo de conhecimento da
Morfologia Urbana, com os seus avanços mais recentes em termos de teorias,
conceitos e métodos, pode dar um contributo fundamental ao modo como estudamos
ou como planeamos as nossas cidades. Exemplo deste potencial é a proposta de um
novo método – o Redesenho Cartográfico – claramente posicionado no campo da
morfologia urbana. O livro descreve a sua formulação e aplicação a Lisboa e
Porto revelando todo um conjunto de aspetos inéditos sobre a evolução das
formas urbanas destas duas magníficas cidades ao longo dos séculos XIX e XX.
3-As duas cidades têm semelhanças na sua evolução ou
cresceram de formas completamente distintas?
R-Tratando-se de duas cidades Portuguesas, Lisboa e Porto
partilham um conjunto de semelhanças. No entanto, há também uma série de
diferenças fundamentais entre as duas. Em termos dos elementos de forma urbana
das duas cidades é possível dizer que estes apresentam um conjunto de
semelhanças nas fases inicial e final do período em análise (séculos XIX e XX),
e diferenças numa fase intermédia, correspondentes à emergência de novos
elementos formais na cidade de Lisboa – as circulares, o parque verde de
Monsanto, o Instituto Superior Técnico, e as experiências de habitação social.
Outras diferenças prendem-se com um ritmo de expansão mais acelerado em Lisboa
do que no Porto; com uma expansão urbana Lisboeta que se realiza através de
grandes «blocos territoriais» (por oposição a um crescimento «rua a rua» na
cidade do Porto); com uma expansão até meados do século XX mais concentrada em
Lisboa e mais dispersa no Porto; e ainda com uma atividade de planeamento
urbano com maiores impactos em Lisboa devido, numa primeira fase (final do
século XIX), à ausência de uma visão estratégica Portuense e, numa segunda fase
(meados do século XX), a uma maior disponibilidade de recursos financeiros em
Lisboa.
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Vitor Manuel Araújo de Oliveira
A Evolução das Formas Urbanas de Lisboa e Porto nos Séculos XIX e XX
Editorial UP, 15,50€