Um intemporal amor trágico

A
Publicações Europa-América reedita o clássico “Ana Karenina”, de Leão Tolstoi,
por altura em que estreia nos cinemas portugueses a adaptação cinematográfica
de Joe Wright, com interpretações de Keira Knightley, Jude Law e Aaron
Taylor-Johson (nos papéis do famoso triângulo amoroso).
Para
os amantes de boas histórias, aconselha-se a leitura do livro em vez da
visualização do novo filme sobre Ana Karenina.
“Ana
Karenina” de Tolstoi é, em primeiro lugar, uma obra sobre o amor e as angústias
que dele advêm. No centro da acção está o triângulo constituído por Ana,
Karenin e Vronsky. A paixão entre Ana e Vronsky inicia-se com um olhar na
primeira vez em que se encontram, é amor à primeira vista. Contudo, Ana é
casada com Karenin e tem um filho. Mantendo um caso com Vronsky durante um
período, chega uma altura em que terá de escolher entre o marido e o filho – e
continuar a ser uma mulher respeitada pela sociedade – ou o amante, por quem
está perdidamente apaixonada, mas cujo amor fará com que se transforme numa
pária da sociedade.
Embora
num plano secundário na narrativa mas igualmente interessante (sem contudo
atingir a intensidade do caso de Karenina), Tolstoi desenvolve a história de
amor entre Kitty e Levin, que inicialmente é constituída por outro triângulo
amoroso em que tanto Kitty como Levin saem magoados e com o orgulho ferido.
Contudo, com o passar do tempo as mágoas vão desaparecendo e fica o amor. Kitty
e Levin enfrentam uma sucessão de desentendimentos, o que fará com que a sua
história seja pautada por uma série de avanços e recuos até um final mais fácil
e feliz do que o de Ana Karenina.
Por
último, uma nota para a história de amor (ou falta dele) de Oblonsky (irmão de
Ana) e de Dolly, que depois de muitos anos de casados enfrentam uma crise
matrimonial que pode pôr em causa tudo o que os uniu até então.
No
meio das histórias de amor que marcam o livro, o leitor é confrontado com um
belíssimo fresco da Rússia do século XIX, seja nos costumes da alta sociedade
de Moscovo e São Petersburgo, na reforma agrária russa ou nas dificuldades e
desafios que enfrentavam as gentes que viviam e trabalhavam os campos.
Com
a sua “Ana Karenina”, Tolstoi entrou para o patamar dos grandes génios da
literatura universal.
Um
livro intemporal, para ler em qualquer época.
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Leão
Tolstoi
Ana Karenina
Publicações
Europa-América, 38,62€