The best of… MEC
CRÓNICA
l Rui Miguel Rocha
Sempre gostei do Miguel, do que acho que são os seus méritos, os defeitos, a sua forma peculiar de estar na vida que mudou tanto como todos nós (mesmo quem o não admite) ao longo dos anos. Afinal, crescemos juntos desde a irreverência da juventude “não há nada mais relaxante que a estupidez alheia”, “aos 15 anos…é tudo muito lindo e muito difícil e muito injusto e muito urgente e pronto.” À amizade “Os amigos nunca são para as ocasiões. São para a vida”, os maus “nenhum bicho é tão mau como uma pessoa má”, o envelhecimento “o velho mais velho, mais carcomido a cair de podre, é mais parecido com uma borboleta, ou com um puto, do que um morto”, a morte “sem a vida por trás, a morte não é nada.”
Mas também assuntos mais mundanos como os taxistas que “têm um único amigo: é o cliente que vai no carro porque o resto do mundo é todo para abater”, ou a mãe do Bambi “estufada em vinho tinto com batatinhas”, os surfistas como “camarões da época”, toda uma filosofia de vida.
O menino da mamã, da Mummy, que o salva de situações quotidianas aborrecidas e lhe disse que “toda a filosofia de vida se continha em duas perguntinhas de duas palavras: “Who cares?”e “Why not?”.
O Miguel é tão bom que parece que estamos a festejar algo (como dizia o Hemingway), não conseguimos evitar o sorriso ao ler, não consegui evitar partilhar com os meus queridos aqui em casa, porque “é por não termos importância que nos atribuímos importância.” E tudo é importante, todos os momentos pequeninos que sabemos que não vamos passar para sempre, por isso únicos. A banalidade quotidiana “não é quotidiana. É rara.”
Vamos lá então viver.
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Miguel Esteves Cardoso
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