Teresa Poças | Imensidão do Vazio

1- Qual a ideia que esteve na origem deste seu primeiro livro: “Imensidão do Vazio”?
R- Costumo dizer que a poesia cai do céu, gota a gota, e escorre na minha alma como se me pertencesse. Tudo isto é um processo mais forte do que eu mesma e por isso não pode ser programado. Posso dizer que no início do ano que passou comecei a sentir uma necessidade enorme de escrever que não conseguia, nem queria, travar. Por vezes, acordava com um instinto indescritível, próximo de insatisfação e inquietação, que me avisava da chegada de um poema. Pura meteorologia. Graças a ele cheguei a passar noites de braços abertos para as palavras. O tempo foi passando, criei um blog de poesia chamado “Melodia de silêncio” e comecei a partilhar com todos os meus conhecidos a minha poesia. Não suportava mais vê-la morta no papel e ser lida por outros era a única forma de lhe dar vida. Entretanto, comecei a ponderar o valor da minha escrita e decidi enviar para duas editoras, não com a esperança de editar, mas sim apenas pedindo uma opinião. Apesar de ter sido aceite por ambas, escolhi a negra tinta pela sua qualidade gráfica e editorial tal como pela proximidade geográfica. A partir daí comecei a viver um sonho que ainda permanece sempre que olho para esta realidade.
2- Que autores considera que mais influenciaram as suas leituras e a sua escrita?
R-Tanto escrevo aquilo que vejo com a esperança de ver sem filtrar a realidade como escrevo com base nos impulsos e desejos irracionais que me invadem ou naquilo que fui, sou e quero ser. Penso que esta seja a chave principal da minha poesia. No entanto, sempre fui influenciada pelas metáforas e pela sonoridade de Sophia de Mello Breyner, o que se pode verificar na minha prosa poética, e por Fernando Pessoa, proprietário de uma alma que deu vida a muitas outras e o poeta que considero mais próximo do entendimento da nossa existência, dos nossos impulsos, dos nossos sonhos e da própria realidade!
3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Quando terminei o livro afastei-me um pouco da escrita e descansei um pouco da reflexão para poder aproveitar a realidade puramente. Felizmente, criei uma espécie de dependência para com as palavras o que me torna incapaz de viver sem elas durante muito tempo. No entanto, a poesia não tem caído com a frequência a que estava habituada, apesar de ter começado a publicar um pouco daquilo que me tem surgido num blog que criei recentemente, Escultura de Palavras. Por último, posso dizer que tenho uma história na cabeça do início ao fim, mas que ainda não me sinto preparada para escrever. Estou distante das personagens e preciso de amadurecer um pouco para conseguir moldá-las. Como exercício de espera comecei a escrever um conto perfumado a romance que em breve irei terminar!
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Teresa Poças
Imensidão do Vazio
Negra Tinta