Teresa Lopes Vieira | O Albatroz

1- O que representa, no contexto da sua obra o livro “O
Albatroz”?
R- Tendo em conta que os meus dois livros anteriores se
passam fora de Portugal e têm viagens subjacentes (O primeiro, na América do
Sul; o segundo, entre Amesterdão e o Egipto), desta vez decidi fazer algo muito
diferente. A personagem principal – um homem chamado Jesus –  não sai de casa, e deixa que sejam as coisas,
as pessoas e os sítios a virem a ele. Ou seja, ele fecha-se num apartamento,
sem poder sair, de uma certa forma para fugir dos outros. Mas estes não o deixam
em paz. São os vários protagonistas que vão organizando o enredo.
Contrariamente àquilo que é tradicional, este é um enredo que anda, não tanto
para a frente, mas mais em rodopio à volta de si mesmo.
2- Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R- Interessava-me despojar alguém de todas as suas bases
sociais, para ver o que acontecia. Logo nas primeiras páginas, Jesus perde a
namorada, o pai e o emprego. De qualquer modo, ele já não era uma pessoa muito
normal, portanto aquilo tem um efeito bastante catastrófico. Queria responder à
pergunta seguinte: até que ponto nós somos só nós, ou também aquilo que nos
acontece? Depois, há toda a questão do antagonismo familiar, esta é sobretudo
uma história entre dois irmãos, muito diferentes. Parecia-me um tema cheio
daquelas questões que estão no fundo no cerne do comportamento humano.
É um conjunto fragmentado de vozes, histórias, queixas,
dramas e buscas; que é todo puxado, por força centrípeta, para o mesmo espaço.
3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Várias coisas, interesso-me, além dos romances, por
poesia e contos. Tenho também um blogue (www.teresalopesvieira.blogspot.com)
onde publico crónicas. E estou a trabalhar num romance, mas… não quero falar
sobre ele, acho que dá imenso azar!
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Teresa Lopes Vieira
O Albatroz
Bertrand, 16,60€