Tânia Reis Alves | A Minha Pátria é Moçambique
1-Como surgiu o seu interesse por Moçambique?
R- O meu interesse por Moçambique começou há cerca de dez anos quando, como
jornalista, comecei a integrar as equipas de vários programas sobre História e
cultura lusófonas transmitidos na RTP África. As imagens das paisagens que me
iam chegando, as entrevistas que ia fazendo a moçambicanos e os livros do Mia
Couto, que tão bem retratam as dores, as tradições e as pessoas daquele país
alimentaram esse meu interesse. Acabei por conhecer Moçambique em 2013, altura
em que viajei para Maputo como jornalista e produtora de uma série de
documentários para a RTP África. Voltei no ano seguinte para fazer um programa
sobre economia e outro sobre agricultura e em 2015 regressei mais uma vez para
produzir um documentário acerca dos 40 anos da independência do país. Quanto
mais conheço Moçambique, mais interesse o país me desperta.
2-Que ideia esteve na origem na recolha de testemunhos e
entrevistas para este livro «A Minha Pátria é Moçambique”?
R- O “A Minha Pátria é Moçambique” nasce após regressar da minha
última viagem a Maputo. O motivo dessa viagem foram dois episódios de uma série
documental acerca dos 40 anos da independência, que o país comemorou em 2015.
Para esses documentários entrevistei duas dezenas de personalidades
moçambicanas de várias idades, diferentes sensibilidades e de diferentes
quadrantes da sociedade moçambicana. A ideia era traçar o percurso de
Moçambique não só ao longo destes 40 anos, mas também dos anos que antecederam
à independência (o período da luta de libertação nacional). Mas fazê-lo através
da visão das pessoas que escolhi entrevistar e das suas próprias vidas,
mostrando como o rumo de um país de pode confundir com a vida de algumas
personalidades, mas também como a acção individual de algumas delas pode
influenciar a História de um povo. Os testemunhos que acabei por verter no
livro foram os de Raimundo Pachinuapa, ex-guerrilheiro da FRELIMO, Mia Couto, o
ex-Presidente Joaquim Chissano, Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o artista
plástico Nagub Elias, a activista social Alice Mabota, o realizador Licínio
Azevedo e o líder do mais recente partido moçambicano (o MDM) Lutero Simango.
3-De todos os seus interlocutores, quem a impressionou mais e porquê?
R- Terei de citar duas pessoas. Impressionou-me, obviamente, Afonso Dhlakama,
líder da RENAMO,o movimento que fez eclodir um conflito que acabou por se
transformar numa guerra civil. Impressionou-me pelo facto de Dhlakama ser por
grande parte da população retratado como um vilão, como um dos principais
culpados pelos 16 anos de guerra e pela instabilidade política que não deixa de
existir em Moçambique, mas por ter respondido a todas as minhas questões, mesmo
às mais delicadas, não tendo demonstrado qualquer constrangimento em fazê-lo.
Impressionou-me conhecer uma pessoa a quem perguntei se tinha valido a pena o
milhão de mortos que resultaram da guerra civil moçambicana. Impressionou-me
também muito a entrevista com Lutero Simango, um dos filhos de Uria Simango,
que foi em tempos vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique, tendo
acabado anos depois por ser morto em circunstâncias que nunca foram totalmente
esclarecidas. Impressionou-me a dor de um filho, que tantos anos depois não
consegue esquecer a dor de um pai que lhe foi roubado.
jornalista, comecei a integrar as equipas de vários programas sobre História e
cultura lusófonas transmitidos na RTP África. As imagens das paisagens que me
iam chegando, as entrevistas que ia fazendo a moçambicanos e os livros do Mia
Couto, que tão bem retratam as dores, as tradições e as pessoas daquele país
alimentaram esse meu interesse. Acabei por conhecer Moçambique em 2013, altura
em que viajei para Maputo como jornalista e produtora de uma série de
documentários para a RTP África. Voltei no ano seguinte para fazer um programa
sobre economia e outro sobre agricultura e em 2015 regressei mais uma vez para
produzir um documentário acerca dos 40 anos da independência do país. Quanto
mais conheço Moçambique, mais interesse o país me desperta.
2-Que ideia esteve na origem na recolha de testemunhos e
entrevistas para este livro «A Minha Pátria é Moçambique”?
R- O “A Minha Pátria é Moçambique” nasce após regressar da minha
última viagem a Maputo. O motivo dessa viagem foram dois episódios de uma série
documental acerca dos 40 anos da independência, que o país comemorou em 2015.
Para esses documentários entrevistei duas dezenas de personalidades
moçambicanas de várias idades, diferentes sensibilidades e de diferentes
quadrantes da sociedade moçambicana. A ideia era traçar o percurso de
Moçambique não só ao longo destes 40 anos, mas também dos anos que antecederam
à independência (o período da luta de libertação nacional). Mas fazê-lo através
da visão das pessoas que escolhi entrevistar e das suas próprias vidas,
mostrando como o rumo de um país de pode confundir com a vida de algumas
personalidades, mas também como a acção individual de algumas delas pode
influenciar a História de um povo. Os testemunhos que acabei por verter no
livro foram os de Raimundo Pachinuapa, ex-guerrilheiro da FRELIMO, Mia Couto, o
ex-Presidente Joaquim Chissano, Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o artista
plástico Nagub Elias, a activista social Alice Mabota, o realizador Licínio
Azevedo e o líder do mais recente partido moçambicano (o MDM) Lutero Simango.
3-De todos os seus interlocutores, quem a impressionou mais e porquê?
R- Terei de citar duas pessoas. Impressionou-me, obviamente, Afonso Dhlakama,
líder da RENAMO,o movimento que fez eclodir um conflito que acabou por se
transformar numa guerra civil. Impressionou-me pelo facto de Dhlakama ser por
grande parte da população retratado como um vilão, como um dos principais
culpados pelos 16 anos de guerra e pela instabilidade política que não deixa de
existir em Moçambique, mas por ter respondido a todas as minhas questões, mesmo
às mais delicadas, não tendo demonstrado qualquer constrangimento em fazê-lo.
Impressionou-me conhecer uma pessoa a quem perguntei se tinha valido a pena o
milhão de mortos que resultaram da guerra civil moçambicana. Impressionou-me
também muito a entrevista com Lutero Simango, um dos filhos de Uria Simango,
que foi em tempos vice-presidente da Frente de Libertação de Moçambique, tendo
acabado anos depois por ser morto em circunstâncias que nunca foram totalmente
esclarecidas. Impressionou-me a dor de um filho, que tantos anos depois não
consegue esquecer a dor de um pai que lhe foi roubado.
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Tânia Reis Alves
A Minha Pátria é Moçambique
Guerra & Paz 14,90€
Tânia Reis Alves
A Minha Pátria é Moçambique
Guerra & Paz 14,90€