Stephen King e a arte da escrita

CRÓNICA
| Rui Miguel Rocha

Acabo “Escrever – memórias de um ofício” do Stephen King com tradução de E. Santos na Bertrand Editora. Já tinha lido em inglês há uns tempos e adorei. Fui buscar o inglês na Hodder & Stoughton e lá dentro encontrei um bilhete para Charles Aznavour do dia 10-12-2016.

Parte do livro são dicas para escrever, outra parte biografia e pequenas histórias de como se pode chegar à escrita, sendo esta “tão próxima de varrer o chão, como de momentos de exaltação”, desde que se “evitem palavras desnecessárias” pois “usar advérbios é humano, mas escrever disse ele ou disse ela é divino”. E quando necessário deve escrever-se merda em vez de excremento e cagar em vez de evacuar.

Um nome com um verbo à frente fica sempre bem e, mesmo que não faça sentido, tem sempre algo de poético. A voz activa é melhor que a voz passiva.

Quanto às musas, a dele é masculino: “existe uma musa, mas ele não vai cair do céu e espalhar pozinhos de perlimpimpim criativos na sua máquina de escrever ou no seu computador. Ele mora no chão. É um tipo que fica na cave.” Ou não fosse o muso do Stephen King…

Outra “das principais regras da boa ficção  é nunca dizer algo que pode mostrar.”

Retiro também este pequeno texto da descrição do acidente que Stephen teve enquanto escrevia “Escrever”: “Uma pessoa tenta dizer a si própria que teve sorte, muita sorte mesmo, e costuma resultar, porque é verdade. Mas às vezes não resulta. Acontece. E então chora-se.”

“O momento mais assustador é mesmo antes de começar.” E a frase que resume tudo: “quanto mais ler, menos propensão terá a fazer papel de palerma quando for escrever alguma coisa.” Esperemos.
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Stephen King
Escrever-Memórias de um Ofício
Bertrand  16,60€

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