Sob a pele
Mo Hayder regressa e prova que a genialidade do policial “Ritual” não foi mera coincidência nem obra do acaso (ou da sorte). “Pele” retoma o ambiente opressivo do primeiro livro e a narrativa inicia-se uma semana depois de encerrado o primeiro caso, com as personagens principais ainda psicologicamente não totalmente recuperadas dos horrores vividos.
A trama começa sem dramas ou surpresas de maior, com um caso que parece não exigir grandes investigações: o cadáver de uma jovem, no que aparenta ser um suicídio. A polícia de Bristol assim decide, pretendendo dar o caso por encerrado. Mas o mesmo não pensa o inspector Jack Caffery, ainda às voltas com as pontas soltas do caso anterior e pressentindo neste novo corpo as marcas do assassino, onde os outros só vêem especulações. Contrariando a hierarquia, que quer toda a equipa de investigadores a trabalhar no desaparecimento da mulher de um famoso futebolista que está a dar manchetes sucessivas, Caffery teima na sua linha de raciocínio, mesmo quando não tem mais provas do que a sua intuição.
Mas mais um cadáver aparece, novamente com indícios nítidos de suicídio e golpes tão certeiros nos pulsos que a médica legista alia-se ao inspector e procura pistas de algo diferente.
E como a vida nada tem de linear, Caffery e a sargento mergulhadora Flea Marlay voltam a encontrar-se (e desencontrar-se) num turbilhão de situações onde nada nem ninguém é o que parece: os suspeitos e os inocentes, os médicos e os pacientes, os homens e os animais e, sobretudo os cadáveres que se sucedem. Nem a vida privada por trás de cada profissional.
Pode a família tornar-se no nosso maior pesadelo? Sem dúvida, e Flea voltará a vivenciá-lo da pior forma. Ainda a pairar numa nuvem traumática pela perda dos pais num mergulho mal sucedido, vê-se agora obrigada a esquecer todos os seus princípios e a arriscar tudo por tudo – principalmente a carreira. E, sem saber, a colocar Caffery face a uma das escolhas mais difíceis que alguma vez imaginou, e que só resolverá com os conselhos do vagabundo de quem se tornou amigo durante a sua demanda incansável por sossego para a dor que o persegue desde que o irmão desapareceu, eram ambos eram miúdos, e para a raiva permanente pela impotência de até hoje não ter conseguido provar que o culpado foi um vizinho pedófilo.
Mo Hayder desenvolve com mestria e firmeza um enredo complexo, com momentos quase surrealistas, mas onde no final tudo faz tristemente sentido.
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Mo Hayder
Pele
Publicações Europa-América, 22,95€
A trama começa sem dramas ou surpresas de maior, com um caso que parece não exigir grandes investigações: o cadáver de uma jovem, no que aparenta ser um suicídio. A polícia de Bristol assim decide, pretendendo dar o caso por encerrado. Mas o mesmo não pensa o inspector Jack Caffery, ainda às voltas com as pontas soltas do caso anterior e pressentindo neste novo corpo as marcas do assassino, onde os outros só vêem especulações. Contrariando a hierarquia, que quer toda a equipa de investigadores a trabalhar no desaparecimento da mulher de um famoso futebolista que está a dar manchetes sucessivas, Caffery teima na sua linha de raciocínio, mesmo quando não tem mais provas do que a sua intuição.
Mas mais um cadáver aparece, novamente com indícios nítidos de suicídio e golpes tão certeiros nos pulsos que a médica legista alia-se ao inspector e procura pistas de algo diferente.
E como a vida nada tem de linear, Caffery e a sargento mergulhadora Flea Marlay voltam a encontrar-se (e desencontrar-se) num turbilhão de situações onde nada nem ninguém é o que parece: os suspeitos e os inocentes, os médicos e os pacientes, os homens e os animais e, sobretudo os cadáveres que se sucedem. Nem a vida privada por trás de cada profissional.
Pode a família tornar-se no nosso maior pesadelo? Sem dúvida, e Flea voltará a vivenciá-lo da pior forma. Ainda a pairar numa nuvem traumática pela perda dos pais num mergulho mal sucedido, vê-se agora obrigada a esquecer todos os seus princípios e a arriscar tudo por tudo – principalmente a carreira. E, sem saber, a colocar Caffery face a uma das escolhas mais difíceis que alguma vez imaginou, e que só resolverá com os conselhos do vagabundo de quem se tornou amigo durante a sua demanda incansável por sossego para a dor que o persegue desde que o irmão desapareceu, eram ambos eram miúdos, e para a raiva permanente pela impotência de até hoje não ter conseguido provar que o culpado foi um vizinho pedófilo.
Mo Hayder desenvolve com mestria e firmeza um enredo complexo, com momentos quase surrealistas, mas onde no final tudo faz tristemente sentido.
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Mo Hayder
Pele
Publicações Europa-América, 22,95€