Sérgio Almeida: “Burilar o poema uma e outra vez até que nada dele reste”

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Guia da Feliz Idade» e a sua entrada na escrita de haikus?
R-Talvez a tentativa de “burilar o poema uma e outra vez até que nada dele reste”. Nada contra a poesia que é um fluxo contínuo de ideias, imagens ou conceitos – de Ruy Belo a Allen Ginsberg, há imensos autores que admiro e seguem essa via –, mas, para este livro em particular, agradou-me a ideia de procurar convocar o maior número possível de referências através de uma economia radical de meios. Os puristas (se ainda os houver) dirão que a métrica não corresponde à dos haikus. O que é verdade. Daí que lhes chame de “quase-haikus”. São poemas demasiado livres (ou mal educados, se preferirmos) para se sujeitarem a formas rigorosas.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Há longos anos que vários autores que sempre foram referenciais para mim, como Manuel António Pina, me chamaram a atenção para o fascínio da poesia oriental. No entanto, só nos últimos anos é que se deu esse encontro da minha parte com uma escrita e forma de ver ou pensar o mundo que pode até dispensar os fogos fátuos em que boa parte da poesia contemporânea portuguesa assenta, mas consegue ser mais fértil do que a generalidade desses territórios de soberba e autocomprazimento.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Tenho vontade de regressar em força à ficção, depois de me ter dedicado sobretudo nos últimos tempos à poesia e escrita para os mais novos. Há várias ideias em pousio que, assim o espero, podem ganhar vida em breve. A ler vamos.
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Sérgio Almeida
Guia da Feliz Idade (quase haikus)
Húmus  5,55€

Sérgio Almeida na “Novos Livros” | Entrevistas

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