Sebastião Alves: “Este romance não é um policial clássico”
1-O que representa, no contexto da sua obra, o seu livro?
R- No conjunto do que escrevi, publicado ou ainda não, incluem-se poesia, contos (normalmente realistas), vários romances curtos realistas, um romance original passado num universo alternativo (ainda por publicar) e um romance histórico, Senhora do Amor e da Guerra. O Homem Certo é Difícil de Encontrar é um romance que eu considero realista e que se debruça, como toda a minha ficção, sobre a psicologia dos protagonistas e sua relação com situações, por vezes invulgares, que lhes acontecem.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R- Quando acabei Senhora do Amor e da Guerra, passado na Mesopotâmia em 3000 a.C., perguntei-me: o que vou escrever a seguir? E se calhar a ideia já lá estava, sem eu saber: encomendei a mim mesmo um romance sobre violência doméstica. É um assunto que mexe comigo. Como bullying, como racismo, como trabalho infantil e outras coisas piores… E é claro que não tinha ideia de como seria o final. Mas fui muito rápido a estabelecer que o prevaricador não acabaria bem! Pensei logo que poderia haver uma vingança e a primeira ideia que me veio à cabeça foi: uma noite ela corta-lhe o pescoço. Então surgiu a ideia da explosão de gás e o mistério subsequente.
3-Pensando no futuro: vai repetir esta sua incursão no romance policial?
R- Este romance não é, de forma nenhuma, um policial clássico. OK, há um elemento de mistério, há uma suspeita e há um inquérito policial. Mas considero bastante mais importante o aspeto humano, a fragilidade da mulher, que afinal não é tão frágil como aparenta. Todavia, se a pergunta for “voltarei eu para um romance com elementos policiais e de mistério?”, responderei que sim. E digo-o já com certeza no que digo.
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Sebastião Alves
O Homem Certo é Difícil de Encontrar
Cultura Editora 15,50€