1-Qual a ideia que esteve no origem desta livro “Rotas de Inclusão-Intervenção com Famílias no Território da Empregabilidade”? R-Este livro teve origem na vivência e realização de trabalho prático com famílias de pessoas com pessoas com deficiência e ou doença mental num serviço público de empregabilidade. A ideia foi a de poder partilhar, sobretudo com técnicos, uma forma própria de trabalhar sem querer dar qualquer receita, valorizar o trabalho feito com as famílias com quem aprendemos tanto e querer fazer memória desse processo.
2-Neste vosso caso, a inclusão está associada à empregabilidade, mas existem outras dimensões a considerar. Consideram que a empregabilidade é o maior desafio, o mais difícil de alcançar? R-Consideramos que a empregabilidade é em si mesma, um processo interativo com fatores individuais e fatores ambientais. O posicionamento que temos e a intervenção que realizamos está diretamente relacionada com o facto de sermos um serviço público local que se rege por valores de equidade de oportunidades no acesso e na frequência a toda a nossa oferta e que tem forte relação comunitária. Uma das dimensões mais complexas é a desconstrução da ideia de estabilidade no emprego e a aceitação das características transformadoras no mercado de trabalho. No trabalho inclusivo no âmbito da empregabilidade, é também incluído o trabalho ao nível das outras dimensões de vida de cada pessoa acompanhada, com recurso aos encaminhamentos e rede de suporte sempre que necessário. Respondendo diretamente à questão se a empregabilidade é o maior desafio, o mais difícil de alcançar, diríamos que é um desfio complexo em ligação com todos os outros e fulcral na criação da autonomia individual e que não reside apenas na pessoa mas na comunidade , o que também implica trabalhar sobre o estigma e mudanças de mentalidade.
3-Assumem que o vosso livro é um roteiro com base em experiências para apoiar as famílias de pessoas com deficiência e/ou doença mental: como pode ser utilizado por outras famílias na mesma situação? R–O livro pode ser utilizado por quem dele conseguir retirar utilidade dele. Recomendamos a utilização do ponto de visto técnico para uma vivência pelas famílias, dos capítulos e dos conteúdos que fizerem sentido e sempre duma forma reflexiva, o objetivo é ser um mote de reflexão e não um livro de receitas.
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Ana Silvestre Daun/Carolina Crispim/Isabel Passarinho/Joana Jacinto/Lúcia Canha/Rosa Vieira dos Santos Rotas de Inclusão-Intervenção com Famílias no território da Empregabilidade
Câmara Municipal de Cascais