Rui Teixeira da Mota: “O livro não deixa as pessoas indiferentes”

1-Qual a ideia que esteve na origem deste seu livro «O Elogio da Sabujice»?
R-Partindo de “O Elogio da Loucura” de Erasmo de Roterdão, questionei-me acerca da hipótese de elencar alguns aspectos que caracterizam a sabujice (uma atitude tão em voga nos nossos dias). Antes de mais assegurei-me de que não existia nada elaborado desta forma acerca do tema. Na verdade, constatei que nem sequer é necessário ser um observador muito atento da realidade para se deparar com inúmeros exemplos deste modo de agir. De facto, foi com alguma facilidade que consegui compilar uma série de elementos a esse respeito. Fruto dessas mesmas observações quotidianas, fui reunindo alguns tópicos relevantes. Uma vez que a matéria-prima era rica e abundante, bastou complementar o trabalho com algum suporte de objectividade e rigor para dar a credibilidade necessária a este ensaio.

2-A sua investigação permitiu lançar novas pistas para a caracterização da sabujice em Portugal?
R-Não tenho a veleidade de ter descoberto nada de novo. Não tenho qualquer pretensão epistemológica, até porque não serei um bom exemplo como decerto se aperceberão durante a leitura. Limitei-me apenas a apontar factos e a fazer observações acerca de algo que me diverte. Se durante a leitura vos der metade do gozo que me deu ao escrevê-lo, já atingi o meu objectivo. Se algum mérito me assiste, é apenas o de ter trazido à liça um tema que de tão vulgar se tornou praticamente um não assunto. Tanto mais é verdade isto que digo, reparei que muitos dos meus leitores não querem que se saiba que estão a ler este livro. Compram-no quase em segredo (mas compram!). Uns, talvez por não quererem ser vistos como sabujos, outros, provavelmente por não quererem que se saiba que, pelo menos, querem tentar compreendê-los… Embora no próprio livro eu tenha advertido para ambas as possibilidades, nunca esperei que pudesse surtir esse efeito. Para mim é motivo de grande orgulho esse agitar de consciências, é sinal de que o livro não deixa as pessoas indiferentes.

3-Podemos dizer que a sabujice é algo de eminentemente português ou tem expressão noutros países e culturas?
R-Não. Não podemos afirmar que seja algo exclusivamente português. Trata-se de um fenómeno tem acompanhado a humanidade desde que o homem é Homem. É algo transversal a todas as culturas. Todavia, como é afirmado a dado passo no ensaio:
“Como é sabido, esta arte assume particular evidência em Portugal, onde há quem defenda que reunimos condições excelentes e únicas para a grande evolução na continuidade desde tempos imemoriais. O clima por cá é ameno, sendo o ideal para a proliferação de lambe botas de todas as estirpes reproduzindo-se com alguma facilidade, para além da natural e endémica transmissão hereditária de genes.” (…) “É uma área, onde felizmente temos muito bom nível, somos realmente bons na desenvoltura a que elevamos a nossa incensação*, estamos ao mais alto nível e comparamos bem com outros povos.”   *Bajulação
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Rui Teixeira da Mota
O Elogio da Sabujice
Guerra e Paz  15€

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