Rui Miguel Tovar: O futebol e a arte de viajar


1 – Qual a ideia que esteve na origem deste seu novo livro «Viagens Sem Bola»?

R – A ideia foi do Francisco José Viegas. Bem haja, eeeeep eeeep uraaayyyyyyy 🙂 Quando falou-me do livro, durante um almoço ali perto da bertrand, parecia que estava a entrar na minha mente, porque sempre quis escrever um livro sobre algumas viagens mas nunca desenvolvi o tema por falta de tempo, consumo exagerado de futebol, falta de tempo, consumo exagerado de futebol, falta de tempo, consumo exagerado de futebol até ao infinito e mais além. No momento em que o assunto viagens fez clique aqui em cima, reservei as manhãs para escrever o livro. Na altura, em Abril 2019, acordava às sete e pouco da manhã só porque sim e começava a teclar pim pim pim pim pim pim até à hora do almoço. Depois mudava de registo e tinha de escrever para o trabalho diário. Na manhã seguinte, toma lá mais pim pim pim pim pim pim. Cada dia que passava, acordava mais cedo ainda.

2 – O futebol é um bom pretexto para viajar e conhecer o mundo?
R – Claaaaaaaro, é um catalisador de emoções sociais, culturais e desportivas inimagináveis. Atenção, nem é preciso sair de Portugal. Basta ir ao Oriental, ali em Marvila, ou a Vila Fria, no Minho: é um mimo a mistura da experiência da bola com a da viagem (metro, autocarro, comboio ou mesmo a pé, tanto faz). Se formos lá para fora, tudo é bem mais significativo. Seja sozinho ou acompanhado, seja em Espanha ou nas Maldivas, a movida fortalece-nos o espírito. Mesmo que o estádio esteja à frente do teu hotel, como me aconteceu em Sevilha. O que me dá mais gozo é viajar sem futebol e, de repente, vejo-me dentro de um estádio só porque vi um cartaz de jogo colado na vitrina de uma tasca.

3 – Das muitas histórias e dos muitos lugares que percorreu, consegue escolher aquele em que mais e melhor sentiu a força do futebol?
R – Argentina, 2011. A cobertura da Copa América foi um acontecimento sensacional. Vim de lá mudado (e mal habituado). Todos os dias entrevistava pessoas a torto e a direito, a barreira entre heróis do futebol e jornalistas pura e simplesmente não existia. Fossem figuras do passado ou do presente, como os seleccionadores. Calhou-me o brinde de entrar no hotel do Paraguai na véspera da final e encontrar o treinador a beber um copo no bar. Fui lá, meti conversa e já está. Aconteceu-me o mesmo com o seleccionador do Peru e da Venezuela, o mesmo cenário: bar do hotel. Assim mesmo, sem barreiras e tudo às claras.
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Rui Miguel Tovar
Viagens sem Bola
Quetzal  13,30€
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