Rui Campos | Sementes do Algodão

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro
“Sementes de Algodão”?
R- Representa uma viagem ao mundo onírico em busca de
desejos e memórias, esmagadas pelos anos apesar do inconformismo. Uma relação
impossível entre dois seres, de idade precoce, separados por acontecimentos a
que são alheios e que não podem dominar nem contornar. Uma viagem longa no
espaço e no tempo, mas também uma incursão ao património português, de que
sobressaem algumas estações de caminho-de-ferro e beleza da sua azulejaria.
Uma descrição inocente, como inocentes são os protagonistas,
direta e de fácil leitura.
– E se houvesse telemóvel?
– Então, não haveria romance nem sonho.
2- Qula a ideia que esteve na origem deste livro?
R- O impacto do 25 de Abril de 1974 nos jovens de então que, tal como os de
hoje, são pouco tidos em conta. O seu futuro cortado pela base, a sua infância
interrompida por ações e atos de adultos. Talvez uma metáfora do que aconteceu
a muitos jovens, cuja integração, em sociedades que desconheciam e para onde
foram atirados, foi muito difícil apesar do seu espírito aberto, provado
através dos grandes grupos que agora se formam nas redes sociais, numa
tentativa de reviver tempos e memórias que lhes foram arrancadas.

 “Tu sorriste e
sussurraste
“Sou da mesma terra que tu!
Ana Paula Lavado in Um Beijo Sem Nome
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Depois de 3 contos, em coletânea, em curso está um novo romance, que me está
a ser difícil terminar, onde, de forma muito simples e direta é abordado o tema
do racismo e a sua implicação nos jovens de então, adultos maduros de hoje. 
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Rui Campos
Sementes de Algodão
Lugar da Palavra