Rosa Silva: “Um refúgio, uma pausa do caos do quotidiano”

1-O que representa, no contexto da sua obra literária, o livro “Rapariga Ansiosa”?
R-Depois de várias experiências de autopublicação na Amazon e de explorar diferentes géneros literários, percebi, por fim, que tipo de histórias queria contar. Inspirada por autores como Fredrik Backman e Matt Haig, escolhi dedicar-me à “literatura de conforto” – uma tradução do conceito anglo-saxónico Uplifting Literature. Nos últimos anos, os tops de vendas têm sido dominados por thrillers psicológicos perturbadores e distopias sombrias. Mas, no meio dessa escuridão, começou a emergir um novo género de livros: histórias que celebram a bondade, a empatia e a resiliência. São livros que nos lembram que, mesmo em tempos difíceis, há beleza e humanidade à nossa volta – narrativas que nos aquecem a alma e o coração, e nos mostram que há sempre esperança. Foi nesse espírito que decidi escrever o meu livro. Queria oferecer aos leitores um refúgio, uma pausa do caos do quotidiano, e criar uma experiência de leitura que os inspire a acreditar na força transformadora das pequenas gentilezas e na capacidade que temos de cuidar uns dos outros.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R-A ideia para o meu livro surgiu durante um dos períodos mais desafiantes das nossas vidas: a pandemia. Enquanto o mundo vivia em isolamento forçado e os níveis de ansiedade disparavam, comecei a refletir sobre o impacto profundo que as pressões da sociedade moderna e a solidão têm nas nossas vidas – especialmente na saúde mental. Segundo a OMS, os transtornos de ansiedade já eram, antes mesmo da pandemia, uma das condições de saúde mental mais prevalentes no mundo, afetando milhões de pessoas. Muitos especialistas até a classificam como a “epidemia do século XXI”. Foi nesse contexto que nasceu a ideia para o meu livro. Mel, a protagonista, personifica as batalhas silenciosas que milhões enfrentam diariamente – o peso das expectativas e a dificuldade em encontrar equilíbrio num mundo que exige constantemente mais de nós. Com este livro, quis explorar não só os efeitos devastadores da ansiedade, mas também a capacidade que temos de nos reconstruirmos e de encontrarmos esperança no meio da adversidade. É uma história que nos relembra que não estamos sozinhos, que existe ajuda, e que há sempre um novo caminho, mesmo quando tudo parece perdido.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Comecei a escrever uma nova história que mantém o espírito da anterior, mas mergulha numa temática diferente e muito atual: as redes sociais. Neste livro, pretendo explorar como estas plataformas moldam as nossas vidas – a necessidade constante de atenção, o sentimento de nunca sermos suficientemente bons e a comparação incessante com os outros. Não é um manifesto contra as redes sociais, mas sim um apelo ao equilíbrio. As redes sociais conectam-nos de formas incríveis, mas também têm o poder de amplificar as nossas inseguranças e de nos afastar do que realmente importa. No livro pretendo refletir sobre como podemos encontrar harmonia entre o mundo virtual e o real, sem perdermos a nossa autenticidade nem o sentido de quem somos. Espero que esta nova história inspire os leitores a repensarem a forma como interagem com o digital – não para se afastarem dele, mas para se reaproximarem de si mesmos e do que realmente é importante.
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Rosa Silva
Rapariga Ansiosa
Chá das Cinco  18,80€

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