Ricardo Lemos: “Desaparecida é um ponto de partida”
1-«Desaparecida» é o seu primeiro romance: como espera poder olhar para ele daqui a 20 anos?
R- Como um ponto de partida. Um romance conserva uma fase da vida, alguns interesses e obsessões do autor. Nesse sentido, será uma oportunidade para viajar no tempo. Com a distância temporal, talvez consiga pegar no livro como leitor e ser novamente surpreendido por ele. Dito isto, a tentação será grande para não o fazer, evitando assim algum impulso de o alterar.
2-Qual ideia que esteve na origem desta obra?
R- Desaparecida surgiu de um interesse em preservar algumas memórias, histórias e personagens, uma tradição oral com que cresci que depende muito da continuidade da memória de uma comunidade. Começou assim. Povoei a aldeia de Desaparecida com esses fantasmas, com um imaginário familiar. Mais tarde ganhou outros contornos. Surgiram novos personagens, novos rumos. Desaparecida não é um sítio real, é um produto da imaginação, mas remete para as conversas à volta da mesa, os boatos de café e também para períodos-chave da nossa história: um conjunto de pessoas e histórias que marcam uma terra.
3-Que significado teve para si receber o Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal?
R- Os prémios são importantes, na medida em que dão visibilidade a obras e autores que de outra forma poderiam não chegar aos leitores. No meu caso, deu-me a oportunidade de publicar o romance e de fazê-lo com uma excelente editora onde fui muito bem acolhido. A título pessoal, foi transformador. São, no entanto, subjectivos, representativos apenas das obras a concurso e do gosto pessoal dos membros do júri. Importante, portanto, mas não um fim em si mesmo. O mais importante é mesmo escrever e ler.
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Ricardo Lemos
Desaparecida
Guerra e Paz 16,50€
Prémio Nacional de Literatura Lions de Portugal/2021