Reler Saramago: Levantado do Chão

CRÓNICA
| Daniela Costa

“Esperou muito, Esperei o que foi preciso, nunca se espera de mais nem de menos”.
Tenho lido excelentes livros nesta última parte do ano. Esperei por este até ao dia 16 de novembro, aniversário de Saramago.
Já o tinha debaixo de olho desde que estive com alguns amigos em Óbidos e a Vitória, que envergava uma camisola com uma frase do Nobel, contou que estava a ler o Levantado do Chão e que tinha feito uma caminhada em Lavre, Montemor-o-Novo, por locais descritos no livro.
Na voz deste narrador original estão dezenas ou centenas de vozes que, em discurso direto, contam a história do latifúndio pelo lado do oprimido. Segundo sei, o autor permaneceu algum tempo em Montemor a ouvir testemunhos. A habilidade narrativa e a sensibilidade são mérito dele; o sofrimento e as lutas são o património de tantos a quem devemos a Revolução dos Cravos.
Ri-me sozinha com o sentido de humor do narrador, espantei-me com a sua versatilidade e sensibilizei-me com os seus comentários de um humanismo enternecedor.
“Às vezes a gente começa a lutar por uma coisa e acaba por ganhar outra, e esta é que era a melhor das duas (…), Mas para ganhar a segunda tem de se começar por lutar pela primeira.”
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José Saramago
Levantado do Chão
Porto Editora  18,85€

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