Rafael Gallo: “Prefiro ter vida a ter lemas”
Rafael Gallo recebeu o Prémio José Saramago 2022. Em Portugal já publicou dois romances e prepara um novo livro de contos.
Para o conhecermos melhor, aqui ficam as suas respostas ao questionário de Proust.
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O que é para si a felicidade absoluta?
Uma utopia. Que talvez guarde os perigos de toda utopia.
Qual considera ser o seu maior feito?
Ter sonhado coisas que pareciam irrealizáveis e, no entanto, realizar esses sonhos.
Qual a sua maior extravagância?
Creio que ter um hang drum em casa. O que demonstra que não sou de grandes extravagâncias.
Que palavra ou frase mais utiliza?
Acredito (e espero) que seja: “obrigado”.
Qual o traço principal do seu carácter?
A imaginação inquieta.
O seu pior defeito?
Minha ansiedade (o “evil twin” da imaginação).
Qual a sua maior mágoa?
Eu não a contaria em público.
Qual o seu maior sonho?
Escrever um livro à altura do que acho ser um grande livro.
Qual o dia mais feliz da sua vida?
Espero que ainda esteja por vir.
Qual a sua máxima preferida?
“O que a vida quer da gente é coragem”, do Guimarães Rosa.
Onde (e como) gostaria de viver?
Gostaria de passar uns meses do ano no calor do Ceará, no Brasil; outros meses em Lisboa e, ainda, alguns períodos em diferentes partes do mundo, para conhecê-las.
Qual a sua cor preferida?
Verde-água.
Qual a sua flor preferida?
Girassol.
O animal que mais simpatia lhe merece?
A Dindi, minha gata de estimação.
Que compositores prefere?
São muitos: Tom Jobim, Chico Buarque, Debussy, Paul McCartney e John Lennon, Caetano Veloso, Milton Nascimento, Beethoven e muitos mais.
Pintores de eleição?
Vários, também: Magritte, Van Gogh, Chaim Soutine, Goya, Di Cavalcanti, Leonora Carrington, Remedios Varo e muitos mais.
Quais são os seus escritores favoritos?
Agora, a lista será ainda mais extensa: Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Julio Cortázar, Machado de Assis, José Saramago, Adriana Lisboa, Maurício de Almeida, José Luís Peixoto, Gonçalo M. Tavares, Dulce Maria Cardoso, Milan Kundera, Borges e tantos outros.
Quais os poetas da sua eleição?
Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Ana Martins Marques, Fernando Pessoa, Mar Becker, Murilo Mendes, Hilda Hilst e, já devem saber a essa altura, muitos outros.
O que mais aprecia nos seus amigos?
O senso de humor e a honestidade.
Quais são os seus heróis?
As pessoas listadas nas perguntas sobre compositores, pintores, escritores e poetas.
Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Riobaldo, de “Grande sertão: Veredas”; a mulher do médico em “Ensaio sobre a cegueira”; André em “Lavoura arcaica”; Harry Haller em “O lobo da estepe”. Aliás, deveria ter citado Herman Hesse entre meus escritores preferidos.
Qual a sua personagem histórica favorita?
Gosto de Jesus Cristo, se enxergamos o lado subversivo e pacifista dele.
E qual é a sua personagem favorita na vida real?
Vale dizer minha namorada, a Babi?
Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
Inteligência e generosidade.
E numa mulher?
As mesmas.
Que dom da natureza gostaria de possuir?
Uma boa memória. A minha é péssima.
O que é para si o cúmulo da miséria?
Não saber o que fazer consigo mesmo.
Quais as falhas para que tem maior indulgência?
Aquelas que se devem mais às condições de vida ruins da pessoa do que a seu carácter.
Qual é para si a maior virtude?
O amor.
Como gostaria de morrer?
Depois de uma bela refeição, e de um dia proveitoso, dormir em paz e não mais acordar. De preferência, sem dar muito trabalho a outras pessoas.
Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Uma tartaruga marinha que vivesse em um lugar pacífico.
Qual é o seu lema de vida?
Prefiro ter vida a ter lemas.
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Foto: Wilian Olivato
Rafael Gallo na “Novos Livros” | Entrevistas
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