Quem era o rapaz que partilhou o anexo com Anne Frank

Sharon Dogar, autora de “No Anexo”, nasceu em 1962, em Liverpool. É psicoterapeuta de crianças e vive em Oxford com a família. Descobriu o “Diário de Anne Frank” quando ainda era criança e teve a ideia de escrever este livro quinze anos antes de começar realmente a escrevê-lo.
Mais recentemente, quando a filha iniciou a leitura do diário da menina judia e levantou as mesmas questões que ela própria pusera naquela idade, resolveu que era altura de iniciar o antigo projecto. Este é o seu terceiro romance para jovens-adultos.
“No Anexo” o leitor é conduzido por Peter van Pels (rapaz que viveu no anexo com os Franks) e pela sua visão dos acontecimentos, totalmente diferente da de Anne Frank.
O desespero de Peter é evidente, assim como o ódio que sente por Anne e pelo seu diário, por não poder fazer nada para mudar a situação em que se encontra. Ter de ficar quieto, dia a pós dia, à espera que os nazis os apanhem deixa em Peter um enorme sentimento de impotência perante o inevitável.
Através do relato de Peter sobre o quotidiano no anexo, o leitor acompanha a mudança de sentimentos do rapaz por Anne, que passam do ódio ao amor, com todas as consequências que essa mudança tem para as pessoas que vivem ali escondidas.
Enquanto o diário de Anne Frank acaba a 4 de Agosto de 1944, em “No Anexo” o leitor acompanha a viagem dos ocupantes do esconderijo até aos campos de concentração e, a partir daí, a estadia de Peter no campo para onde foi levado. Como foi, o que fez para sobreviver, a dor e o sofrimento por que passou. Dogar capta com grande mestria aquele que deverá ter sido o sentimento de angústia e desespero das pessoas prisioneiras nos campos.
Para o leitor é particularmente interessante que ao longo do livro a autora tenho tido o cuidado de escrever várias notas de rodapé, situando acção narrada no mesmo momento no diário de Anne Frank. Assim como teve a preocupação de assinalar quando antecipava ou atrasava um acontecimento em relação ao diário.
Outro aspecto muito estimulante é a reconstituição final do que aconteceu a cada um dos membros do anexo: para onde foram levados, com quem ficaram, como morreram.
Nas campanhas de marketing de “No Anexo” afirma-se que este livro é ideal para quem gostou do “Diário de Anne Frank” e de “O rapaz do pijama às riscas”, o que é capaz de ser verdade. Mas mesmo quem não leu nenhum daqueles livros pode ter a certeza que não ficará indiferente à leitura de “No Anexo”.

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Sharon Dogar
No Anexo
ASA, 16,50€