Pensar o futuro de Portugal e do Mundo
1-O que o motivou a abraçar este projeto de prospetiva sobre ideias para Portugal reunidas no livro «Pensar o Futuro»?
R-Em primeiro lugar, foi o desafio de se tentar conseguir um olhar, em diversas vertentes, sobre o futuro após esta pandemia ser ultrapassada. Até agora, as análises tem estado muito centradas no que se está a passar, em particular no âmbito sanitário, económico e social. Mas o mundo não vai acabar e é preciso começar a perspetivar o dia seguinte. Em segundo, o facto de ter sido o Manuel Alberto Valente, em nome da Porto Editora, a fazer-me o convite.
2-Uma nota importante do livro é a ampla diversidade dos coautores convidados: foi procurar em muitos olhos diferentes uma visão para o período complexo que vivemos?
R-Sem dúvida. Com efeito, estamos muito obcecados pelos efeitos arrasadores da pandemia na saúde das pessoas. Mas isso é ver a árvore gigante mas não a floresta. Há muito mais consequências a que temos de dar atenção. Do futuro da aviação civil às novas formas de trabalho. Das relações entre casais e familiares à telemedicina, à telescola e às compras on line. Da natureza da União Europeia ao peso crescente das grandes instituições transacionais. Da resposta da ciência e tecnologia aos impactos sobre a cultura, os grandes eventos musicais ou os espetáculos desportivos. Do papel da religião às restrições às liberdades dos cidadãos em sociedades democráticas. Por isso convidámos 14 autores que pudessem analisar os temas da ciência, da saúde, da virologia, da investigação, da religião, da economia, do trabalho, da União Europeia, da aviação civil, da educação, da cultura, da psicologia. Outras questões se poderiam equacionar mas a necessidade de elaborar o livro num tempo curto e não o tornar demasiado extenso levaram a estas opções.
3-São muitas as ideias recolhidas: quer destacar três que, do seu ponto de vista, sejam mais úteis podem ser para dar esperança e reinventar o nosso país?
R-Se há três ideias que penso ser importante reter são estas: a) O vírus veio para ficar e vamos ter de encontrar formas médicas e sociais de passar a lidar come ele; b) a nossa forma de vivência em sociedade não voltará a ser o que era; c) mas a Humanidade é muito resiliente e vai encontrar forma de se reinventar face ao Covid-19.
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Nicolau Santos (Org.)
Pensar o Futuro. Portugal e o Mundo depois da COVID 19
Porto Editora 16,60€
(Textos de Alexandre Quintanilha, Carlos Fiolhais, Carlos Moedas, D. Manuel Clemente, Fernando Pinto, Francisco Louçã, Germano de Sousa, João César das Neves, José Gameiro, Lídia Jorge, Manuel Carvalho da Silva, Nuno Crato, Nuno Severiano Teixeira e Pedro Simas)