Pedro Garcia Rosado: “Uma escrita de ruptura formal”

1-No ano do centenário de José Saramago, qual o principal legado do escritor?
R-Penso que há pelo menos dois muito importantes: a projecção internacional da literatura e da língua portuguesas no estrangeiro graças ao Prémio Nobel, que contemplou um escritor com uma obra bem conhecida no seu país natal e que ainda estava no auge da sua carreira (e não um desconhecido consensual por ser desconhecido, como tantas vezes acontece) e a aceitação generalizada de uma escrita de ruptura formal com os cânones da construção literária.

2-Qual é o seu livro preferido escrito pelo nosso Nobel?
R-Dois: Levantado do Chão e Memorial do Convento.

3-Razões dessa escolha?
R- Foram os primeiros que li, e sobre os quais escrevi como jornalista, e são os que melhor retenho e de que mais gosto. Confesso, no entanto, que não li toda a sua obra. Levantado do Chão e Memorial do Convento foram romances inovadores na escrita e que desenvolveram narrativas ligadas a camadas da população que poucos escritores retrataram (como Alves Redol, Aquilino Ribeiro, Manuel da Fonseca e Soeiro Pereira Gomes), e de onde não está ausente uma componente quase “fantástica” (no caso do Memorial do Convento) que me agradou muito.
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Pedro Garcia Rosado, Escritor