Pedro Almeida Vieira | Crime e Castigo no País dos Brandos Costumes
1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Crime e Castigo no País dos Brandos Costumes»?
R- Constitui uma espécie de deriva para uma área entre a ficção e a não-ficção, mas dentro daquilo que tenho feito no romance: um olhar para o passado mas para avaliar e compreender o presente. Sendo um conjunto de narrativas, ao estilo de crónica, baseadas em factos reais, procurei contudo dar-lhes um cunho literário, num registo conciso e irónico. E este livro também marca o início de uma colaboração com um artista plástico brasileiro,que muito admiro, Enio Squeff, que fez uma ilustração para cada uma das narrativas.
R- Constitui uma espécie de deriva para uma área entre a ficção e a não-ficção, mas dentro daquilo que tenho feito no romance: um olhar para o passado mas para avaliar e compreender o presente. Sendo um conjunto de narrativas, ao estilo de crónica, baseadas em factos reais, procurei contudo dar-lhes um cunho literário, num registo conciso e irónico. E este livro também marca o início de uma colaboração com um artista plástico brasileiro,que muito admiro, Enio Squeff, que fez uma ilustração para cada uma das narrativas.
2- Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- As minhas ideias aparecem-me como «flashs»; o problema está, por vezes, em concretizá-las com maior ou menor rapidez. Para este livro, que terá dois volumes, a ideia surgiu em Novembro do ano passado, quando consultei uma grossa miscelânia de cinco volumes com documentos oficiais de infindáveis processos judiciais (sentenças e manuscritos, entre outros)até ao século XIX. Mas talvez a ideia já andasse a ruminar na minha cabeça há mais tempo, porque nunca compreendi a razão para o mito dos brandos costumes portugueses. O facto de fazer este ano 100 anos da Constituição Portuguesa que aboliu a pena de morte em Portugal para todos os crimes, bem como os 250 anos da morte do jesuíta Gabriel Malagrida (último condenado numa fogueira da Inquisição), levou-me a colocar esta ideia na lista das prioridades, ou seja, a escrever.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Estou a preparar a edição, anotada e com actualização ortográfica, da obra que se deve considerar o primeiro romance português do século XIX, anterior mesmo às obras iniciais de Alexandre Herculano e Almeida Garrett. Trata-se de «O Estudante de Coimbra», de Guilherme Centazzi, um multifacetado médico nascido em Faro, que ficou injustamente esquecido na História da Literatura Portuguesa. Este romance, aliás, foi também a primeira obra de ficção portuguesa a ter uma tradução no estrangeiro. Estou ainda a completar o segundo volume de «Crime e Castigo no País dos Brandos Costumes», e terei de concluir, até Setembro, um livro na área do ambiente (reecontrando-me com a minha área de formação académica), mais concretamento sobre lixo. ´Por isso, novo romance somente para o próximo ano: tenho duas ideias; veremos qual a que vence para ser escrita primeiro.
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Pedro Almeida Vieira
Crime e Castigo no País dos Brandos Costumes
Crime e Castigo no País dos Brandos Costumes
Planeta, 16,65€