Paulo M. Morais | Revolução Paraíso
1. Um livro de estreia é sempre um marco na vida de um
escritor. Que significado poderá ter este livro daqui a 20 anos?
escritor. Que significado poderá ter este livro daqui a 20 anos?
R- Antecipar o significado do Revolução Paraíso daqui a 20
anos é um exercício impossível. Para mim é mais importante este momento do
presente em que o livro assinala uma nova etapa de vida, agora como escritor.
Mas, sob o prisma literário, espero pelo menos que possa continuar a olhar com
orgulho para o meu primeiro livro. Não gostaria nada se um dia o considerasse
um filho enjeitado! Julgo, porém, que o maturei e trabalhei o suficiente para
nunca me envergonhar dele.
anos é um exercício impossível. Para mim é mais importante este momento do
presente em que o livro assinala uma nova etapa de vida, agora como escritor.
Mas, sob o prisma literário, espero pelo menos que possa continuar a olhar com
orgulho para o meu primeiro livro. Não gostaria nada se um dia o considerasse
um filho enjeitado! Julgo, porém, que o maturei e trabalhei o suficiente para
nunca me envergonhar dele.
2. Com que olhos vemos o 25 de Abril e o PREC nesta sua
obra?
obra?
R- A ação do romance inicia-se nos primeiros dias de Maio de
1974. Por isso, o próprio dia do 25 de Abril é visto apenas como uma utopia
muito bela, como se fosse algo já muito distante e intocável, apesar da
proximidade temporal. Talvez seja a mulher de letras chamada Eva que melhor
represente o ideal da Revolução dos Cravos, através da sua sede de amor que vai
sendo sistematicamente confrontada com as paixões ideológicas dos militares. No
entanto, as restantes personagens também fazem as suas leituras do período
pós-revolucionário, à medida que os seus destinos se alteram por aquilo que se
passa no país. Para o final, talvez todos acabem por comungar uma certa
desilusão, um certo desencanto em relação ao fosso entre o que se sonhou para
Portugal no dia 25 de Abril e o desconchavo em que o país depois mergulhou.
1974. Por isso, o próprio dia do 25 de Abril é visto apenas como uma utopia
muito bela, como se fosse algo já muito distante e intocável, apesar da
proximidade temporal. Talvez seja a mulher de letras chamada Eva que melhor
represente o ideal da Revolução dos Cravos, através da sua sede de amor que vai
sendo sistematicamente confrontada com as paixões ideológicas dos militares. No
entanto, as restantes personagens também fazem as suas leituras do período
pós-revolucionário, à medida que os seus destinos se alteram por aquilo que se
passa no país. Para o final, talvez todos acabem por comungar uma certa
desilusão, um certo desencanto em relação ao fosso entre o que se sonhou para
Portugal no dia 25 de Abril e o desconchavo em que o país depois mergulhou.
3. Que significou para si (que nasceu em 1972 e teria nessa
altura 2/3 anos de idade) escrever este “Revolução Paraíso”?
altura 2/3 anos de idade) escrever este “Revolução Paraíso”?
R- Significou resgatar um tempo da nossa história que
conhecia mal e, com isso, criar as minhas memórias da época pós-revolução. No
meu caso, tal qual muitas pessoas da minha geração, o vazio de não ter “vivido”
o 25 de Abril ou o PREC não foi preenchido, por exemplo, pelo ensino. Quando
andava na escola o assunto era quase tabu; ou então via-se remetido para o fim
do programa e o ano letivo terminava sempre antes de se chegar a essa matéria.
A pesquisa que efetuei para o livro, em recortes de jornais da época, acabou
por revelar uma enorme riqueza de histórias humanas. E foi esse lado do
quotidiano, do que ia acontecendo às pessoas, que provocou a vontade de
romancear. Foi imerso num mundo de descoberta e embevecimento que parti para a
escrita do Revolução Paraíso.
conhecia mal e, com isso, criar as minhas memórias da época pós-revolução. No
meu caso, tal qual muitas pessoas da minha geração, o vazio de não ter “vivido”
o 25 de Abril ou o PREC não foi preenchido, por exemplo, pelo ensino. Quando
andava na escola o assunto era quase tabu; ou então via-se remetido para o fim
do programa e o ano letivo terminava sempre antes de se chegar a essa matéria.
A pesquisa que efetuei para o livro, em recortes de jornais da época, acabou
por revelar uma enorme riqueza de histórias humanas. E foi esse lado do
quotidiano, do que ia acontecendo às pessoas, que provocou a vontade de
romancear. Foi imerso num mundo de descoberta e embevecimento que parti para a
escrita do Revolução Paraíso.
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Paulo M. Morais
Revolução Paraíso
Porto Editora, 16,60€
Entrevista sobre o livro Voltemos à Escola de Paulo M. Morais
Porto Editora, 16,60€
Entrevista sobre o livro Voltemos à Escola de Paulo M. Morais