Para pensar (mais) quando a crise ruge
Em tempo das rocambolescas revelações do Wikileaks, mais ou menos consideráveis e significativas, talvez não reste espaço para muita atenção ao “jornalismo” – é legítimo ter dúvidas sobre a verdadeira natureza destas investigações e denúncias… – que se dedica às grandes causas, no combate aos grupos internacionais que condicionam economias, promovem crises (das guerras às especulações financeiras), manobram negócios criminosos.
Daniel Estulin é um desses investigadores, que agora dá um passo em frente nas acusações formuladas contra o Clube de Bilderberg, esse ninho de cavalheiros que, segundo procura demonstrar, está na origem de grandes males à escala global. Fê-lo em anterior volume, e agora volta ao tema tendo “Os Senhores da Sombra” como alvo.
O estilo vivo do autor constitui forte apelo à leitura. Acresce a actualidade dos temas que aborda, correspondentes às grandes preocupações de todos em todo o mundo – que a crise é global. Como é global, nos termos da denúncia aqui formulada, a estrutura do clube que se dedica a sacar tudo quanto é rapinável, independentemente da latitude e longitude.
Vejamos um conceito que expõe e explica, aplicado pelos de Bilderberg, em 1990: “destruição da procura”. Estulin pôs-se em campo, nos termos do seu relato, e por fim numa das portas a que bateu disseram-lhe que o meio por ele sugerido para concretizar a ideia, as guerras, “ficam caras”.
Embora geralmente as guerras sejam elas próprias um meio de ganhar dinheiro, com esta destruição da procura pensa-se na destruição da economia mundial, segundo diz o informador: “Trata-se de uma simples transferência de riqueza, tal como na Grande Depressão. As pessoas vão perder as casas, as acções, as poupanças e o dinheiro. Outros virão por trás e comprarão tudo furtivamente por tuta-e-meia.”
Apropriado aos nossos dias, como facilmente se entende. Tal como um episódio que relata, sobre quando em Agosto de 2009 se apresentou para embarcar em Madrid, num voo da Air Europa para os Estados Unidos, e lhe foi recusado o embarque – aparentemente, a companhia aérea forneceu a lista dos viajantes desse voo (e de todos os outros, evidentemente) aos serviços secretos americanos…Será que há “cables” da embaixada norte-americana em Madrid aos responsáveis nos EUA sobre este caso? Será que estão no acervo ainda não revelado do Wikileaks? E, se sim, o que significará a sua transcrição? Como dizia o poeta Eduardo Guerra Carneiro, “isto anda tudo ligado”.
São muitos os episódios a merecerem reflexão, muitos os casos, nomes, conspirações. Sugira-se a leitura do que se refere à guerra do Kosovo e do envolvimento dos do Clube de Bilderberg aqui denunciado (incluindo um conhecido homem do mundo da assistência humanitária, dos Médicos sem Fronteiras, Bernard Kouchner). Será que é verdade? O silêncio dos visados, ao que se sabe, prenuncia que Estulin pode não ser alvo fácil na justiça. Ou seja, lá terá alguma razão, e a nós cabe-nos saber como andam a comer-nos as papas na cabeça.
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Daniel Estulin
Os senhores da Sombra
Publicações Europa-América, 24,13€
Daniel Estulin é um desses investigadores, que agora dá um passo em frente nas acusações formuladas contra o Clube de Bilderberg, esse ninho de cavalheiros que, segundo procura demonstrar, está na origem de grandes males à escala global. Fê-lo em anterior volume, e agora volta ao tema tendo “Os Senhores da Sombra” como alvo.
O estilo vivo do autor constitui forte apelo à leitura. Acresce a actualidade dos temas que aborda, correspondentes às grandes preocupações de todos em todo o mundo – que a crise é global. Como é global, nos termos da denúncia aqui formulada, a estrutura do clube que se dedica a sacar tudo quanto é rapinável, independentemente da latitude e longitude.
Vejamos um conceito que expõe e explica, aplicado pelos de Bilderberg, em 1990: “destruição da procura”. Estulin pôs-se em campo, nos termos do seu relato, e por fim numa das portas a que bateu disseram-lhe que o meio por ele sugerido para concretizar a ideia, as guerras, “ficam caras”.
Embora geralmente as guerras sejam elas próprias um meio de ganhar dinheiro, com esta destruição da procura pensa-se na destruição da economia mundial, segundo diz o informador: “Trata-se de uma simples transferência de riqueza, tal como na Grande Depressão. As pessoas vão perder as casas, as acções, as poupanças e o dinheiro. Outros virão por trás e comprarão tudo furtivamente por tuta-e-meia.”
Apropriado aos nossos dias, como facilmente se entende. Tal como um episódio que relata, sobre quando em Agosto de 2009 se apresentou para embarcar em Madrid, num voo da Air Europa para os Estados Unidos, e lhe foi recusado o embarque – aparentemente, a companhia aérea forneceu a lista dos viajantes desse voo (e de todos os outros, evidentemente) aos serviços secretos americanos…Será que há “cables” da embaixada norte-americana em Madrid aos responsáveis nos EUA sobre este caso? Será que estão no acervo ainda não revelado do Wikileaks? E, se sim, o que significará a sua transcrição? Como dizia o poeta Eduardo Guerra Carneiro, “isto anda tudo ligado”.
São muitos os episódios a merecerem reflexão, muitos os casos, nomes, conspirações. Sugira-se a leitura do que se refere à guerra do Kosovo e do envolvimento dos do Clube de Bilderberg aqui denunciado (incluindo um conhecido homem do mundo da assistência humanitária, dos Médicos sem Fronteiras, Bernard Kouchner). Será que é verdade? O silêncio dos visados, ao que se sabe, prenuncia que Estulin pode não ser alvo fácil na justiça. Ou seja, lá terá alguma razão, e a nós cabe-nos saber como andam a comer-nos as papas na cabeça.
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Daniel Estulin
Os senhores da Sombra
Publicações Europa-América, 24,13€