O que é que a economia tem?
O que tem a economia a ver com a felicidade? Pois é, a velha pergunta, com e sem resposta, é respondida por um profissional do crescimento económico e da riqueza das nações, professor como é. E a velha pergunta suscita naturalmente a também vetusta sentença: o dinheiro não traz a felicidade… mas ajuda muito.
E quem é mais feliz: nós, nesta época tida como de abundância, ou os nossos longínquos antepassados da idade da pedra lascada? Mais de 400 páginas e longa bibliografia levam-nos à surpresa final de que “cada indivíduo, ao obter mais rendimento, comprar uma casa maior num bairro mais bonito ou guiar um carro melhor, pode sentir-se mais feliz, mas apenas à custa dos que têm um rendimento inferior, piores condições de alojamento e carros mais velhos”.
Diz-nos Gregory Clark que “o dinheiro compra a felicidade, mas essa felicidade provém de qualquer outra pessoa, não sendo acrescentada ao reservatório comum”. Mesmo a fechar, o autor remete-nos para surpresas e enigmas da economia, como essa de saber porque “só ao cabo de milénios de travessia no deserto chegámos à actual abundância e por que motivo é tão difícil para muitas sociedades juntarem-se a nós na Terra Prometida material”.
A história económica alerta para um sobressalto revelado nos últimos 30 anos: “A riqueza material, o aumento da duração da vida dos adultos e a redução da desigualdade não nos tornaram mais felizes do que os nossos antepassados caçadores-recolectores. Os rendimentos elevados moldaram profundamente os estilos de vida no mundo moderno desenvolvido, mas a riqueza não trouxe felicidade”, sustenta o autor.
Esta e outras conclusões são baseadas na análise malthusiana que permite perceber como a partir da Revolução Industrial o mundo caiu num “estranho mundo novo em que a teoria económica de pouco serve para compreender diferenças de rendimento em qualquer sociedade específica”.
E o que é isso de modelo malthusiano? Na versão mais simples trata-se de um instrumento de análise baseada em três hipóteses: cada sociedade tem uma taxa de natalidade correspondente aos usos que regulam a fecundidade, enquanto a taxa de mortalidade diminui com o aumento do nível de vida. O malthusianismo, como um controlo automático, leva a que o nível de vida material caia sempre que o número de habitantes cresce.
Dos dados lançados na análise, deduz o autor que estamos no tal estranho mundo novo. Em que os próprios economistas, os da sua arte, não escapam, face ao “dilúvio de artigos de jornal, documentos e livros sobre economia” que caracterizam o panorama económico dos nossos dias. O que leva a um outro ponto de alerta, porque o “grosso das actividades dos economistas possui um valor mínimo para o destino material da humanidade”.
Tal não impede, porém, a constituição de uma conjunção de factores, como uma formação cada vez mais rigorosa, uma oferta limitada e uma procura “crescente de economistas provenientes de escolas de gestão, bancos centrais e agência internacionais”, que fez aumentar os salários até mesmo dos professores de Economia para níveis sem precedentes”.
Será que são mais felizes os economistas de hoje do que os do século XIX? Ajuíze o leitor.
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E quem é mais feliz: nós, nesta época tida como de abundância, ou os nossos longínquos antepassados da idade da pedra lascada? Mais de 400 páginas e longa bibliografia levam-nos à surpresa final de que “cada indivíduo, ao obter mais rendimento, comprar uma casa maior num bairro mais bonito ou guiar um carro melhor, pode sentir-se mais feliz, mas apenas à custa dos que têm um rendimento inferior, piores condições de alojamento e carros mais velhos”.
Diz-nos Gregory Clark que “o dinheiro compra a felicidade, mas essa felicidade provém de qualquer outra pessoa, não sendo acrescentada ao reservatório comum”. Mesmo a fechar, o autor remete-nos para surpresas e enigmas da economia, como essa de saber porque “só ao cabo de milénios de travessia no deserto chegámos à actual abundância e por que motivo é tão difícil para muitas sociedades juntarem-se a nós na Terra Prometida material”.
A história económica alerta para um sobressalto revelado nos últimos 30 anos: “A riqueza material, o aumento da duração da vida dos adultos e a redução da desigualdade não nos tornaram mais felizes do que os nossos antepassados caçadores-recolectores. Os rendimentos elevados moldaram profundamente os estilos de vida no mundo moderno desenvolvido, mas a riqueza não trouxe felicidade”, sustenta o autor.
Esta e outras conclusões são baseadas na análise malthusiana que permite perceber como a partir da Revolução Industrial o mundo caiu num “estranho mundo novo em que a teoria económica de pouco serve para compreender diferenças de rendimento em qualquer sociedade específica”.
E o que é isso de modelo malthusiano? Na versão mais simples trata-se de um instrumento de análise baseada em três hipóteses: cada sociedade tem uma taxa de natalidade correspondente aos usos que regulam a fecundidade, enquanto a taxa de mortalidade diminui com o aumento do nível de vida. O malthusianismo, como um controlo automático, leva a que o nível de vida material caia sempre que o número de habitantes cresce.
Dos dados lançados na análise, deduz o autor que estamos no tal estranho mundo novo. Em que os próprios economistas, os da sua arte, não escapam, face ao “dilúvio de artigos de jornal, documentos e livros sobre economia” que caracterizam o panorama económico dos nossos dias. O que leva a um outro ponto de alerta, porque o “grosso das actividades dos economistas possui um valor mínimo para o destino material da humanidade”.
Tal não impede, porém, a constituição de uma conjunção de factores, como uma formação cada vez mais rigorosa, uma oferta limitada e uma procura “crescente de economistas provenientes de escolas de gestão, bancos centrais e agência internacionais”, que fez aumentar os salários até mesmo dos professores de Economia para níveis sem precedentes”.
Será que são mais felizes os economistas de hoje do que os do século XIX? Ajuíze o leitor.
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Gregory Clark
Um Adeus às Esmolas – Uma Breve História Económica do Mundo
Bizâncio, 24,23€