O que é isso de boa televisão?
O que é isso de televisão de qualidade? O tema é de sempre, de todo o tempo de televisão, como tem sido de livros, jornais, cinema e o resto das actividades humanas – e particularmente as culturais. Só que às vezes a questão emerge, como é o caso agora, quando tanto se fala de privatizações, e a RTP está na calha. Pergunta-se: é a televisão pública um produto de qualidade? E, pela negativa, com a entrega a privados, poderá ficar ainda pior?
É o momento oportuno para ir à procura de respostas numa obra publicada em Portugal e colaborada por, também, especialistas portugueses, que embora com alguns anos de publicação pode proporcionar algumas respostas, ou, pelo menos, (re)colocar o debate. Nomeadamente, a discussão passa aqui por um capítulo intitulado Literacias, e “a questão da educação do olhar dos telespectadores”, mas não deixa de considerar o telejornalismo, num momento em que se encontra “assolado por artifícios emotivos” e em “que se coloca em xeque a qualidade das notícias transmitidas diariamente pelas televisões”.
Há dificuldades nesse desejado processo de educar os telespectadores, como o de estimular os receptores de mensagens veiculadas por outros meios que não a televisão. “Um receptor de qualidade não se pode inventar da noite para o dia. A aquisição de competências exige uma formação pertinente. É neste ponto que se produz um profundo paradoxo: o progressivo aumento do poder por parte do receptor não se fez acompanhar de uma formação adequada”, assinala Mar de Fontecuberta.
Nem a escola parece útil neste desiderato, porque é preciso que a sala de aulas se alie à família para “educar cidadãos mais críticos e criativos, numa palavra, mais activos em relação ao meio televisivo”, com vista a uma mudança de rumo na qualidade televisiva. A solução proposta por este autor, José Ignacio Aguaded Gomes, inclui “uma política de comunicação que eleve os valores pessoais de liberdade e participação no plano da estrutura global do sistema dos media e da televisão em particular”.
De uma forma mais concreta, para o jornalismo televisivo, Marcela Farré adianta que “o conceito de qualidade parece manter-se associado às funções da televisão pública, pelo menos no sistema europeu essa relação é bastante clara”. Mas logo se interroga sobre se o sistema público está a cumprir esse objectivo e se os privados não poderão almejar tal atributo.
Uma polémica com todo o interesse e actualidade. Aqui fica a sugestão de uma abordagem.
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Gabriela Borges e Vítor Reia-Baptista (organização)
Discursos e Práticas de Qualidade na Televisão
Livros Horizonte, 19.08€
É o momento oportuno para ir à procura de respostas numa obra publicada em Portugal e colaborada por, também, especialistas portugueses, que embora com alguns anos de publicação pode proporcionar algumas respostas, ou, pelo menos, (re)colocar o debate. Nomeadamente, a discussão passa aqui por um capítulo intitulado Literacias, e “a questão da educação do olhar dos telespectadores”, mas não deixa de considerar o telejornalismo, num momento em que se encontra “assolado por artifícios emotivos” e em “que se coloca em xeque a qualidade das notícias transmitidas diariamente pelas televisões”.
Há dificuldades nesse desejado processo de educar os telespectadores, como o de estimular os receptores de mensagens veiculadas por outros meios que não a televisão. “Um receptor de qualidade não se pode inventar da noite para o dia. A aquisição de competências exige uma formação pertinente. É neste ponto que se produz um profundo paradoxo: o progressivo aumento do poder por parte do receptor não se fez acompanhar de uma formação adequada”, assinala Mar de Fontecuberta.
Nem a escola parece útil neste desiderato, porque é preciso que a sala de aulas se alie à família para “educar cidadãos mais críticos e criativos, numa palavra, mais activos em relação ao meio televisivo”, com vista a uma mudança de rumo na qualidade televisiva. A solução proposta por este autor, José Ignacio Aguaded Gomes, inclui “uma política de comunicação que eleve os valores pessoais de liberdade e participação no plano da estrutura global do sistema dos media e da televisão em particular”.
De uma forma mais concreta, para o jornalismo televisivo, Marcela Farré adianta que “o conceito de qualidade parece manter-se associado às funções da televisão pública, pelo menos no sistema europeu essa relação é bastante clara”. Mas logo se interroga sobre se o sistema público está a cumprir esse objectivo e se os privados não poderão almejar tal atributo.
Uma polémica com todo o interesse e actualidade. Aqui fica a sugestão de uma abordagem.
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Gabriela Borges e Vítor Reia-Baptista (organização)
Discursos e Práticas de Qualidade na Televisão
Livros Horizonte, 19.08€