O império americano em cheque
O autor tem reconhecidamente o saber de general. As suas análises são regularmente publicadas pelo Diário de Notícias e pelo Público e citadas como modelo de um pensamento que pondera os diversos elementos em jogo, nomeadamente as opções militares e políticas.
No caso presente, o volume reúne as crónicas em que abordou a guerra do Iraque, desde a sua erupção ao impasse (?) actual, com as eleições americanas em fundo.
Desde logo, destaque-se a sua prudência inicial, o que vem a propósito da discussão dos resultados da guerra ao fim de cinco anos. “Para um observador exterior (do governo dos EUA), tudo são incertezas. Não há acesso aos relatórios dos serviços de informações de que a administração norte-americana certamente dispõe. É sensato não tomar posição definitiva antes de ter acesso a mais dados”, escrevia Loureiro dos Santos em 6 de Setembro de 2002.
Depois, sucedem-se os registos de erros militares e por fim de sucessos relativos. “No Iraque, os norte-americanos encontram-se enrolados num novelo do qual são os principais culpados”, assinala já em 2007, remetendo as dificuldades militares também para o quadro político.
Ele que está do lado dos militares, cujo comportamento exalta na dedicatória. Mas a análise é ao longo do tempo forçada pelos factos. E é esse um dos condimentos destas crónicas temporais, que permitem uma leitura à distância.
E daí a dúvida que deixa nas últimas páginas, face aos programas dos candidatos às próximas eleições norte-americanas: é esperar para ver… o que o eleito, o sucessor de Bush, fará no terreno. (E a propósito, sendo certo que vastos interesses económicos se jogam no Médio Oriente, quer dizer-se o “império em cheque”, ou o em “xeque”?)
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Loureiro dos Santos
A ameaça global – O império em cheque
Publicações Europa-América, 19.90€