Nuno Camarneiro, depois do Prémio Leya 2012: “Agora há que fazer mais e melhor.”


NUNO CAMARNEIRO recebeu o Grande Prémio Leya 2012 pelo seu
romance Debaixo de Algum Céu.
Um prémio que “significa reconhecimento, visibilidade e
responsabilidade” para um autor ainda jovem mas que já faz parte de um
“momento profícuo da literatura portuguesa” em que se escreve
“muito e bem”.
Promete para breve um livro de contos e ainda está indeciso
sobre a sua próximo obra.
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P- Segundo livro e um grande prémio: o que significa para si
o Prémio Leya 2012?
R- Este prémio significa reconhecimento, visibilidade e
responsabilidade também. Agora há que fazer mais e melhor.

P- Que diferenças e semelhanças existem nos seus dois
primeiros livros: No Meu Peito Não Cabem Pássaros (2011) e Debaixo de Algum Céu
(2012)?
R- O primeiro é um livro de um leitor, mais do que de um
escritor. Foi escrito como resposta a outros livros, como forma de responder
aos meus autores preferidos. O segundo livro olha para a realidade que me
circunda, para pessoas banais que me pediram para se tornarem personagens.
P- O que poderá representar, no futuro, o livro premiado? Um
abrir de portas, uma alavanca para a sua edição no estrangeiro?
R- Sim, creio que será mais fácil traduzir os meus livros
agora, embora o primeiro esteja já a ser traduzido para francês. O prémio
alargou o meu leque de leitores e sei que terei mais gente a acompanhar a minha
obra.
P- Qual a ideia que esteve na origem desta obra?
R- Começou tudo por imaginar um prédio como aquele em que
habito. As pessoas que lá moravam, os problemas que tinham e as histórias que
carregavam. Explorei ao mesmo tempo alguns temas: o purgatório, as pequenas
salvações, a luta entre Deus e uma mulher.
P- Gonçalo M. Tavares, Valter Hugo Mãe, José Luís Peixoto e,
agora, Nuno Camarneiro: estamos perante uma nova geração de grandes escritores
portugueses?
R- Estamos num momento profícuo da literatura portuguesa,
escreve-se muito e bem. Além desses nomes poderíamos acrescentar outros: Afonso
Cruz, João Ricardo Pedro, Sandro William Junqueira, Patrícia Portela, Jacinto
Lucas Pires e muitos outros.
P- Um autor é, também, uma soma de leituras. Quais foram os
autores que, de alguma forma, influenciaram a sua escrita?
R- De entre os estrangeiros destacaria Kafka, Borges,
Calvino e Cortazar. Dos nacionais Pessoa, Cesariny, Herberto Hélder e Mário de
Carvalho.
P- Se pudesse fazer a máquina do tempo colocá-lo algures no
passado, que livro gostaria de ter escrito?
R- O maior de todos, o Dom Quixote.
P- Também é um contista. Mas os seus dois primeiros livros
foram romances. Porquê?
R- Existe uma grande resistência, por parte do mundo
editorial, à publicação de contos, mas espero ainda publicar um ou mais livros
de contos.
P- Finalmente, pensando no futuro: o que está a escrever
neste momento?
R- Tenho duas ou três ideias a batalharem, ainda não sei,
veremos qual delas ganha o “casting”.
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Nuno Camarneiro
No Meu Peito Não Cabem Pássaros (2011)
Debaixo de Algum Céu (Grande Prémio Leya, 2012)