Nepomuceno regressa com “O Cardeal”
Uma leitura de Inês Marques
Após o sucesso de A Morte do Papa, Nuno Nepomuceno transporta-nos de novo para a cidade do Vaticano, inspirando-se em crimes reais para escrever este thriller tão empolgante. O professor universitário Afonso Catalão é novamente o protagonista desta obra e, com o apoio da sua esposa Diana, irá deslindar o fio que liga os diversos mistério ocorridos entre Roma e Cambridge.
Andy, uma criança de 6 anos vítima de uma família problemática, é encontrado morto na margem do Rio Cam. No dia seguinte, Laura Immanuel, uma idosa acamada cuidada pelos seus sobrinhos, é cruelmente assassinada e desmembrada. Quando o seu corpo é descoberto, o seu sobrinho e popular escritor Adam Immanuel é acusado injustamente e detido em prisão preventiva. Paralelamente, após a morte inexplicável do Papa Mateus II, dá-se um atentado que visa o homicídio do principal candidato a ocupar o lugar de pontifex maximus. Estas ocorrências têm em comum a presença de flores vermelhas conhecidas como “cardeais”, denunciando a presença de um famoso assassino contratado. Tendo isto em conta, qual será a índole da história que conecta a tragédia da família Immanuel com as altas figuras do igreja católica?
Este é um livro para os amantes de mistérios sanguinários, onde a violência física e sexual convivem com a beatice católica e com os valores da academia britânica. O enredo é envolvente, não se tornando confuso, apesar cruzar as vidas de múltiplas personagens que nunca são quem dizem ser. Por sua vez, o final é satisfatório, já que o irónico narrador trata o leitor como um ser inteligente e dotado de capacidade de entendimento acerca da complexidade emocional que envolve um delito desta gravidade. Sendo assim, percebemos que talvez, o mundo seja realmente muito pequeno…
3 Perguntas a…
Nuno Nepomuceno
1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro O Cardeal?
R-Vejo O Cardeal como um livro de transição, no qual incluí alguns elementos narrativos com os quais nunca trabalhara. É uma história de segredos, mentiras, ilusões e de como as aparências podem enganar, sobretudo no mundo atual, em que os outros medem o nosso sucesso pela forma como parecemos ser, e não por aquilo que realmente somos, ou pela qualidade do nosso trabalho. Simultaneamente, trata-se do quinto volume da série Afonso Catalão e o primeiro original que publico depois do meu best-seller, A Morte do Papa. Como se costuma dizer no meio literário, é um livro que sofre da «maldição do sucesso», mas que eu espero que não venha a ser o caso. Na minha opinião, independente do acolhimento que O Cardeal venha a ter, estou a apresentar neste livro muito do melhor que já escrevi.
2-Qual a ideia que esteve na origem deste romance?
R-A ideia surgiu ainda durante a redação de A Morte do Papa, quando me apercebi que um dos núcleos de personagens tinha uma história demasiado complexa para ser incluída no livro sem o tornar demasiado longo. Por isso, resolvi escrever O Cardeal, começando exatamente na mesma noite em que termina o seu antecessor. É neste livro que os leitores passarão a conhecer melhor a família Emanuel, quem terá matado Laura, uma das patriarcas, e que segredos escondem no passado Adam e Lizzie, seus sobrinhos e as principais suspeitas do homicídio.
3-Pensando no futuro, o que está a escrever neste momento?
R-Atualmente, estou a dedicar-me à reedição do meu primeiro livro, que a Cultura Editora planeia publicar ainda este ano. A nova versão de O Espião Português seguirá o mesmo enredo e linha cronológica das de 2012 e 2015, mas o livro está a ser integralmente reescrito por mim, o que fará com que regresse às livrarias com vários capítulos inéditos. Em simultâneo, estou a começar a trabalhar no sexto livro da série Afonso Catalão, reunindo pequenas ideias, enquanto pondero sobre os arcos narrativos que irei criar.
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Nuno Nepomuceno
O Cardeal
Cultura 19,50€