Miúdos e ecrãs: o que fazer?
1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro «Miúdos e Ecrãs: Guia Prático para a Sobrevivência dos Pais»?
R-A ideia de escrever este livro nasceu após uma conversa entre nós os dois: A Rute a queixar-se do número de pedidos de ajuda por parte de pais desesperados e à beira de um ataque de nervos, com dificuldade em gerir o uso das tecnologias por parte dos seus filhos, muitos deles já com um comportamento patológico ou envolvidos em situações de perigo; o Filipe com uma visão menos clínica, dando conta da quantidade de pais que se queixam do impacto da pandemia no uso (e abuso) das tecnologias, da dificuldade em definir limites e em supervisionar adequadamente. Cruzamos as duas visões e percebemos que todos os pais sentem que este é um tema muito desafiante e que quaisquer ferramentas de ajuda serão certamente bem vindas.
2-A metodologia que propõem nesta obra é inovadora? De que forma?
R-A inovação prende-se com o facto de ter sido um livro escrito a quatro mãos, articulando a visão da psicologia com a de um jornalista, que realizou dezenas de entrevistas a crianças e jovens de várias idades e a pais – casados, solteiros ou divorciados. Desta forma, o livro articula aquilo que a ciência psicológica permite concluir sobre os benefícios e riscos/perigos associados ao uso das tecnologias com pequenos excertos das entrevistas realizadas. Estes excertos permitem ao leitor identificar-se e rever-se em várias situações, a ideia de caso único e de que “isto só acontece na minha família”. O livro apresenta ainda, na sua caixa de ferramentas, um conjunto de exercícios práticos para pais e filhos, que se destacam na medida em que se pretendia um livro muito prático.
3-O livro é, em grande medida, um manual para pais que são confrontados com a excessiva relação de crianças com os ecrãs dos diversos dispositivos: ainda estamos a tempo de inverter ou controlar esta dependência dos miúdos?
R-Sim, claro. A maior parte das crianças e jovens usa as tecnologias de uma forma saudável, sabendo aproveitar todos os seus benefícios. Com estas crianças e jovens a palavra chave é “prevenção”, para que se evite um processo de escalada. Outras crianças e jovens (felizmente, em menor quantidade) apresentam um comportamento de uso excessivo, mas ainda não problemático. Com estes, é importante que os pais saibam definir limites de forma ajustada, através de um processo de comunicação e de negociação adequados. Na caixa de ferramentas que apresentamos no livro, os pais são também ajudados a monitorizar o comportamento dos filhos, a reforçar atividades offline e a gerir conflitos sem recorrer a qualquer forma de punição. Por fim, temos também crianças e jovens com um comportamento patológico ou de dependência – estas famílias necessitam de ajuda especializada. O livro apresenta um questionário para crianças e jovens e outro para pais, por forma a que mais facilmente consigam identificar uma eventual perturbação de jogo.
__________
Rute Agulhas/Filipe E. Gil
Miúdos e Ecrãs: Guia Prático para a Sobrevivência dos Pais
Oficina do Livro 15,50€