Mistério e rituais macabros
Mo Hayder traz-nos um policial diferente do que manda a tradição. Em “Ritual” é todo um ambiente opressivo e obsessivo que dá um carácter especial ao enredo, que é, por si só, uma mais-valia graças a uma temática pouco desenvolvida neste género de literatura.
Ao contrário do que é comum, especialmente com a proliferação de séries televisivas de investigação policial e forense, neste livro de Hayder não estamos perante um assassino em série ou um psicopata. O aparecimento de uma mão nas águas lodosas do porto de Bristol remete a equipa policial (e o leitor com ela) para uma evidência: onde está o cadáver?
A partir daí é uma descida ao inferno, um retrato cru (e cruel) das sociedades ocidentais da actualidade, com os seus bairros sociais degradados em termos físicos e humanos, bandos de miúdos em abandono familiar e afectivo, jovens toxicodependentes a tentar sobreviver. A este “caldeirão” social junte-se-lhes culturas ancestrais e rituais que chegam aos nossos dias e facilmente se percebe que o resultado só pode ser assustador.
Para resolver o mistério da mão sem corpo e encontrar o cadáver mutilado as circunstâncias associam duas pessoas muito peculiares: a sargento mergulhadora Flea Marlay e o inspector Jack Caffery.
A primeira vive numa nuvem traumática pela perda dos pais num mergulho mal sucedido, dividindo o seu tempo entre o trabalho, um irmão complexo e dois amigos que são, no mínimo, muito estranhos: um velho investigador africano, ex-colega do pai numa universidade, e um ex-toxicodependente que fundou uma organização de apoio a jovens com problemas semelhantes.
Já o inspector continua submerso na dor causada pelo desaparecimento do irmão quando ambos eram miúdos e na raiva pela impotência de até hoje não ter conseguido provar que o culpado foi um vizinho pedófilo.
Apesar destes “currículos” pessoais, Flea e Caffery não estavam preparados para o horror que vão encontrar.
Mo Hayder desenvolve com mestria e firmeza um enredo complexo, com momentos quase surrealistas, mas onde no final tudo faz tristemente sentido.
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Mo Hayder
Ritual
Publicações Europa-América, 23,12€
Ao contrário do que é comum, especialmente com a proliferação de séries televisivas de investigação policial e forense, neste livro de Hayder não estamos perante um assassino em série ou um psicopata. O aparecimento de uma mão nas águas lodosas do porto de Bristol remete a equipa policial (e o leitor com ela) para uma evidência: onde está o cadáver?
A partir daí é uma descida ao inferno, um retrato cru (e cruel) das sociedades ocidentais da actualidade, com os seus bairros sociais degradados em termos físicos e humanos, bandos de miúdos em abandono familiar e afectivo, jovens toxicodependentes a tentar sobreviver. A este “caldeirão” social junte-se-lhes culturas ancestrais e rituais que chegam aos nossos dias e facilmente se percebe que o resultado só pode ser assustador.
Para resolver o mistério da mão sem corpo e encontrar o cadáver mutilado as circunstâncias associam duas pessoas muito peculiares: a sargento mergulhadora Flea Marlay e o inspector Jack Caffery.
A primeira vive numa nuvem traumática pela perda dos pais num mergulho mal sucedido, dividindo o seu tempo entre o trabalho, um irmão complexo e dois amigos que são, no mínimo, muito estranhos: um velho investigador africano, ex-colega do pai numa universidade, e um ex-toxicodependente que fundou uma organização de apoio a jovens com problemas semelhantes.
Já o inspector continua submerso na dor causada pelo desaparecimento do irmão quando ambos eram miúdos e na raiva pela impotência de até hoje não ter conseguido provar que o culpado foi um vizinho pedófilo.
Apesar destes “currículos” pessoais, Flea e Caffery não estavam preparados para o horror que vão encontrar.
Mo Hayder desenvolve com mestria e firmeza um enredo complexo, com momentos quase surrealistas, mas onde no final tudo faz tristemente sentido.
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Mo Hayder
Ritual
Publicações Europa-América, 23,12€