Microeconomia para todos
1-Qual a ideia que esteve na base deste novo livro «Princípios de Microeconomia»?
R-O livro surge na sequência do envolvimento dos seus autores na lecionação da unidade curricular de Microeconomia numa instituição do ensino superior. Esta experiência de docência conduziu a um formato do livro que é fundamentalmente um manual académico dirigido a alunos do ensino superior, que procura ser um guia teórico-prático que os ajude a ultrapassar as dificuldades sentidas no estudo da Microeconomia que, pelo seu caráter técnico, lhe confere alguma complexidade. Como tal, o livro coloca particular enfase na explanação dos conteúdos teóricos, na exemplificação de conceitos e na formulação e resolução de exercícios de aplicação dos tópicos tratados.
2-Trata-se de um manual académico ou de um livro que ambiciona a alcançar mais leitores?
R-Como já foi referido, este livro é fundamentalmente um manual académico, no sentido em que foi pensado como um guia teórico-prático para os estudantes do ensino superior no estudo das questões centrais da Microeconomia. Não obstante, o livro também pode ser do interesse de outros públicos, nomeadamente dos leitores autodidatas que pretendam adquirir conhecimentos introdutórios e básicos sobre a microeconomia.
3-A economia e em especial a microeconomia têm uma influência directa na vida das pessoas: não é paradoxal que a literacia nesta área seja aparentemente tão baixa?
R-Não pensamos que seja assim tão paradoxal. Muitas das decisões que cada indivíduo toma no seu dia a dia têm na sua base princípios de otimização que são alvo da atenção da microeconomia. No entanto, as escolhas que cada um faz, ainda que inconscientemente, já refletem alguns desses princípios. Na microeconomia, enquanto área do saber da Economia, há um foco particular no estudo do comportamento das pessoas e das formas de interação entre elas quando determinadas decisões são tomadas. O seu estudo é de facto fundamental para identificar e perceber as variáveis de decisão estratégicas dos agentes económicos. É neste especto que a iliteracia mais se revela, pois muitas vezes as escolhas são norteadas por fatores que deviam ser irrelevantes para a decisão. Acresce que, quando se atendem a problemas mais próximos do nosso dia a dia, se aumenta a complexidade técnica inerente aos conceitos capazes de retratar essas situações, o que obviamente potencia a iliteracia, nomeadamente junto daqueles que não têm formação específica na área. Oposta à Microeconomia que se debruça sobre as escolhas individuais, existe a Macroeconomia que estuda realidades agregadas. Aqui está em causa a compreensão de questões como as flutuações económicas, o desemprego, o comportamento da dívida pública, a inflação, entre outras. O debate destes temas nos meios de comunicação social, nomeadamente em programas informativos especializados na área económica, tem contribuído em grande medida para uma maior familiaridade do cidadão comum com os conceitos associados, para os quais os raciocínios do cariz microeconómico também são fundamentais. O combate à iliteracia nesta área é feito por todos os meios, desde os meios de comunicação social às novas plataformas digitais. O nosso livro terá a este propósito um papel, ainda que modesto.
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Flora Cunha Lobo/Carlos Andrade
Princípios de Microeconomia
Sílabo 31,90€