Mayra Montero | A Última Noite que Passei Contigo

1 – O que representa, no contexto da sua obra, o livro «A Última Noite que Passei Contigo»?
R- “A Última Noite que Passei Contigo” é o romance em que começo a evidenciar o contraponto entre erotismo e morte. Um contraponto que rapidamente, em diferentes formas, foi aparecendo nos meus outros livros. Também é um livro com uma banda sonora muito sui generis. Aqui resgatei as canções que costumava ouvir na minha infância, todos aqueles boleros – exceptuando, logicamente, Burbujas de Amor, que é uma bachata dominicana contemporânea e que dá o título ao primeiro capítulo.

2 – Qual a ideia que esteve na origem do livro?

R- Na origem do livro esteve, precisamente, no bolero que lhe dá nome. Não sei porquê nem onde, estava a ouvi-lo e, de repente,disse para mim próprio que era um bom título para um romance. Então, pensei num casal de meia idade que embarca num cruzeiro pelas ilhas do Caribe. À medida que avança esse cruzeiro, vão enfrentando os seus próprios fantasmas, os seus medos
e as suas frustrações.
Também quis que fosse um romance divertido, dentro do drama há humor. É a minha maneira de contar as histórias eróticas, a mneira em que me sinto mais confortável falando de sexo através do humor.
Em “Púrpura profundo”, o meu segundo romance erótico publicado em 2000, também há muito humor. E, também, outra banda sonora muito diferente mas muito bnita.

3 – Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Estou a terminar um romance, “O Milagre da Lã”, cuja personagem central é uma mulher, membro de uma família basca que vive em Cuba desde os anos 20 do século passado. Em finais de 1943, esta mulher viaja até à sua cidade natal, San Sebastian e, de passagem, por Biarrtiz onde não tinha estado desde que era uma criança.Recorda ali, nessa entristecida Biarritz a segunda grande guerra, o horrível facto que, muitos anos antes, a privou da sua mãe e do seu pequeno irmão.
Foi muito interessante investigar a repercussão da emigação basca em Cuba, país que chegou a ter 2 mil “frontones”onde se jogava jai-alai ou bola basca.
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Mayra Montero
A Última Noite que Passei Contigo
Bico de Pena, 10€