Mário Rufino: “Não quero estar num sítio sem mar e sem amigos.”

Mário Rufino acaba de lançar o seu romance de estreia: Cadente. Um romance feito de histórias da memória de uma família, da luta contra a doença e outros problemas. E também uma viagem interior. Talvez não seja por acaso que a sua definição de felicidade absoluta seja o cheiro de arroz-doce quente da avó.
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O que é para si a felicidade absoluta?
O cheiro de arroz-doce quente da minha avó. E depois rapar o tacho.

Qual considera ser o seu maior feito?
Ter amigos que me acompanham quase desde as fraldas.

Qual a sua maior extravagância?
Por agora, uma tatuagem. Mas espero não me ficar por aqui.

Que palavra ou frase mais utiliza?
Não sei se posso dizer isto aqui: Foda-se (tanto para fora como para dentro)

Qual o traço principal do seu carácter?
Elogio em boca própria é vitupério, mas vou esconder as muitas partes más e dizer que talvez seja a capacidade de me reinventar, que vem de uma dolorosa e constante autoanálise.

O seu pior defeito?
Impulsividade e timidez.
Uma chatice.

Qual a sua maior mágoa?
Não saber cantar é uma mágoa, mas aquela final da Liga Europa perdida no Estádio de Alvalade…

Qual o seu maior sonho?
Ver o meu filho tornar-se um ser humano feliz e completo.

Qual o dia mais feliz da sua vida?
O nascimento do meu filho.

Qual a sua máxima preferida?
“Para ser grande, sê inteiro: nada teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes.”

Onde (e como) gostaria de viver?
Estou muito bem onde estou. Perto do mar e dos meus amigos.
Não quero estar num sítio sem mar e sem amigos.

Qual a sua cor preferida?
Verde-Sporting.

Qual a sua flor preferida?
Papoila, pela beleza e fragilidade.

O animal que mais simpatia lhe merece?
Cão, leão, ser humano…

Que compositores prefere?
A resposta mais bonita seria Bach, mas a resposta mais correcta é Linkin Park, U2, Tracy Chapman, The Cult, Green Day, Leonard Cohen…

Pintores de eleição?
Pollock, Turner, Bacon…

Quais são os seus escritores favoritos?
Pergunta terrível de responder.
Vou trair muita gente.
Os romances de Ferreira de Castro, de Saramago, de Baldwin; os contos de Cortázar, de Askildsen; Moby Dick e Bartleby de Melville; os ensaios de Steiner. Pedro Rosa Mendes escreve muito bem, mas publica pouco. É como escolher os amigos preferidos. E os russos? E os escandinavos?

Quais os poetas da sua eleição?
Sophia, Daniel Faria, Eugénio de Andrade, Ruy Belo…

O que mais aprecia nos seus amigos?
Que estejam presentes. Gosto deles com todos os defeitos e virtudes.

Quais são os seus heróis?
Os hospitais estão cheios deles: médicos e enfermeiros.

Quais são os seus heróis predilectos na ficção?
Neo, Luke Skywalker, Obi-Wan Kenobi, Peter Pan (o do livro, não do filme), O pai de A Estrada, de Cormac MacCarthy.

Qual a sua personagem histórica favorita?
Jesus Cristo.

E qual é a sua personagem favorita na vida real?
Jesus Cristo.

Que qualidade(s) mais aprecia num homem?
Bondade.

E numa mulher?
Bondade.

Que dom da natureza gostaria de possuir?
Liberdade e invisibilidade do vento.

O que é para si o cúmulo da miséria?
Não conseguir amar.

Quais as falhas para que tem maior indulgência?
Impulsividade (eu sei o mal que causa).

Qual é para si a maior virtude?
Bondade.

Como gostaria de morrer?
Sem dor, perto do mar.

Se pudesse escolher como regressar, quem gostaria de ser?
Amigo do meu filho.

Qual é o seu lema de vida?
Não tenho grandes lemas, mas, além do poema de Ricardo Reis, gosto muito de uma frase de José Saramago:  “Sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam”

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Mário Rufino na “Novos Livros” | Entrevistas