Mário de Carvalho: “Coisas que pareciam importantes deixaram de o ser e outras, enfim, muito pelo contrário”
1-«De Maneira que é Claro…» está repleto de memórias vivas e muito pessoais: o que o motivou a escrever este livro?
R-Julguei que seria interessante para o leitor de hoje, rememorar -ou passar a conhecer- alguns episódios envolvendo quem viveu esses tempos com muita intensidade (e certo desvario…). Coisas que pareciam importantes deixaram de o ser e outras, enfim, muito pelo contrário. «De maneira que é claro» era uma expressão que um querido amigo muito usava (e parodiava). Pareceu-me um título adequado ao estilo corrente e conversado do livro. É um bordão de linguagem ainda hoje muito usado em conversas à solta.
2-Facto curioso: quase não há memórias de/sobre livros seus ou de outros autores. Porquê?
R-Os meus livros bastam-se a si, ao que creio, e dispensam os contributos laterais do Autor. Quanto aos outros autores, não sou crítico literário e evito apreciações públicas que apenas podem traduzir o meu gosto pessoal em tal ou tal momento. O grande risco de os autores se pronunciarem sobre os outros é o de procurarem reduzir todos à sua peculiar «maneira». Além disso, aqui entre nós, parece mal.
3-Pensando no futuro: podemos esperar um segundo volume com mais memórias ou já tem outros projectos?
R-As memórias dariam porventura para um ror de livros. Mas para já vai ficando este.
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Mário de Carvalho
De maneira que é claro…
Porto Editora 16,60€
Mário de Carvalho na “Novos Livros” | Entrevistas