Maria Francisca Macedo: “Já disse que adoro mistério?”

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «Crónicas de Enigma-A Desordem»?
R-Boa pergunta! As Crónicas de Enigma vieram para desinstalar o leitor. Porque são uma mistura (nada aleatória) de mistério e inquietação. Uma das frases que abre o livro é “Toda a gente sabe que é perigoso pensar”. E os livros de Enigma fazem-nos mergulhar nesse perigo: pensar. No primeiro livro, conhecemos Alice e Arthur, ainda jovens, que se apercebem de que o mundo onde vivem não lhes faz sentido e acabam em movimento, meio em fuga meio em busca. As cartas, os mapas, as pistas que encontram levam-nos numa direção. Mas neste segundo livro eles são obrigados a crescer, a repensar as escolhas que fizeram, a tornarem-se mais críticos. Este livro, esta Desordem, é o adensar do caminho  —     para as personagens. E o adensar do mistério: para quem lê. Se há coisa de que gosto é de um bom mistério.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Já escrevi muito para mais novos. Mais de vinte livros! Mas os meus leitores cresceram e pediam-me: queremos ler algo maior, mais desafiante. Muitas vezes, perguntava-lhes de volta: que tipo de livros gostas? E eles respondiam-me que adoravam enigmas. Essa palavra andou comigo muito tempo. Enigmas. Enigmas. Enigmas. Se começarmos a pensar muito numa palavra, tudo à volta começa a encaixar nela. Isso tornou-se o ponto de partida para esta história. O leitor que acompanhe a saga vai percebendo que a palavra ENIGMA tem diversos sentidos, várias camadas de segredos e interpretações. E que é, ela própria, um enigma! Mas também queria fazer algo diferente, que desse gosto ler em qualquer idade, fosse o leitor um jovem ou um adulto sonhador. Por isso lancei a mim própria o desafio de escrever uma história com camadas. Dependendo da maturidade cada um pode perceber coisas diferentes no que lê. Enigmas. Camadas. E mistério, claro. Já disse que adoro mistério?

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Estou a trabalhar em enredos.  A minha escrita é sazonal. No verão é quando tenho ideias, e as vou agarrando no caderno que vem comigo para todo o lado, até nas férias. Quando chego a setembro tenho dezenas de páginas soltas, com ideias que se cruzam e se baralham. Rasgo-as do caderno e reordeno-as como a um jogo de cartas. Tira aqui, muda para ali; o rei de espadas tem de estar longe da rainha de copas, este sete não faz sentido longe do joker. E só depois, quando o outono se instala, é que começo a escrever. Às vezes, dois e três livros de uma vez. Por isso, tenho de confessar que neste momento não estou a escrever nada. Mas estou a ter ideias. Muitas e misteriosas ideias!
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Maria Francisca Macedo
Crónicas de Enigma-A Desordem
Manuscrito  13,90€

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