Maria do Rosário Pedreira: “A vulnerabilidade do corpo humano diante do tempo e do sofrimento”

1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «O Meu Corpo Humano»?
R-Para começar, significa um regresso inesperado, ao fim de dez anos. No último poema do meu livro anterior, escrevi “Não sei se volto” – e não sabia mesmo se voltaria algum dia a publicar um livro de poemas. Mas tornou-se imperativo escrever nos últimos dois anos: pelo fechamento aos outros, pelos abalos do mundo, pelo ódio tão declarado das pessoas nas redes sociais, pela sua falta de compaixão e empatia pelo outro, coisas que me sacudiram e magoaram (e é sempre nessas alturas que existe, para mim, a pulsão da escrita de poesia). Digamos que não resisti a, quase sem querer, tentar chamar a atenção para a vulnerabilidade do corpo humano diante do tempo e do sofrimento, e também para a urgência do humanismo para com quem sofre.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Não houve nenhuma ideia na origem. Os poemas foram-se escrevendo e, de repente, descobri que havia ali um denominador comum: o corpo humano, o meu e o dos outros, exposto às feridas, físicas e espirituais. E então percebi que era essa a ideia agregadora e comecei a escrever mais conscientemente à roda dela, ou seja, escolhendo partes do corpo que favorecessem o tratamento de certas questões, sensações, sentimentos, histórias, de que queria falar.

3-Pensando no futuro: depois deste regresso à poesia, o que está a escrever neste momento?
R-Crónicas: um meio de regressar às histórias da infância e de reflectir sobre o presente e o futuro. E estou a ler, como sempre, que é uma forma de escrever, na nossa cabeça, os livros alheios.
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Maria do Rosário Pedreira
O Meu Corpo Humano
Quetzal  14,40€

Maria do Rosário Pedreira na “Novos Livros” | Entrevistas

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