Margarida Fonseca Santos | Bicicleta à Chuva

1- O que representa, no contexto da sua obra, o livro
“Bicicleta à Chuva”?

R-​ Representa o início da concretização de um sonho,
podendo escrever sobre assuntos complicados (mas que fazem parte do nosso dia a
dia, quer queiramos, quer não) de forma subjetiva, trazendo o leitor para
dentro dos sentimentos e emoções, dos dilemas e dos becos sem saída, dando
pistas sobre como resolver ou ajudar a resolver problemas, devolvendo a
esperança aos jovens. Não é fácil ter uma editora com a coragem suficiente para
abraçar esta ideia, por isso escrevi este primeiro livro da coleção «A escolha
é minha» com muito entusiasmo e sentindo uma grande responsabilidade ao
fazê-lo. Digamos que este livro começa um caminho que tenho muita vontade de
percorrer, de mão dada com o leitor, mas sobretudo podendo dar a mão a quem
está em dificuldades.

2- Qual a ideia que esteve na origem deste livro?

R-​ Escrever primeiro sobre o bullying foi uma decisão minha
e da editora, tomada em conjunto depois de se pensar em vários temas. Como já
escrevi mais textos sobre o tema, tinha ideias muito claras sobre o que queria
mostrar ao leitor. Depois, veio a decisão de fazer um registo na 1ª pessoa,
para se poder retratar com fidelidade o drama interior que certas situações
trazem. Mas era preciso dar voz ao agressor, não apenas à vítima, e este livro
transformou-se assim numa história com várias entradas e várias saídas – porque
a escolha, no fim da linha, é sempre nossa. Podemos escolher o que fazer mas,
mais importante ainda, podemos escolher como reagir ao que nos vai acontecendo.
Às vezes, quando sofremos, não vemos esta hipótese e, neste caso específico do
bullying, era preciso mostrar essa realidade.

​Destas ideias à bicicleta à chuva foi um passinho – a
história tomou corpo quando «vi» a bicicleta como forma de a personagem
princi​pa​l​ não pensar no que​ lhe ia acontecer a seguir.​

3- Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?

R-​ O segundo livro desta coleção já está em fase de
produção, com um tema que arruína muitas famílias – o alcoolismo. Mas já estou
(estamos, eu e a editora) a pensar no terceiro, para o qual há várias ideias,
desde as migrações forçadas das famílias aos guetos sociais. Vamos ver como
será.