Manuel Jorge Marmelo | O Homem que Julgou Morrer de Amor
1-O que representa, no contexto da sua obra, o livro «O Homem que Julgou Morrer de Amor»?
R- É o meu primeiro livro. Isto pode não querer dizer nada, claro. Mas, para além do significado subjectivo, afectivo e simbólico, o primeiro livro, quando olhado a partir do ponto a que se chega 14 livros depois, é um pouco mais do que isso. É o momento inaugural, o primeiro passo de um caminho, aquele que tornou possível tudo aquilo que fui capaz de fazer depois.
2-Porquê, dez anos depois, esta nova edição revista e aumentada?
R- Tendo sido originalmente escrita quando eu tinha 22 ou 23 anos, a novela padece de alguns pecados de juventude. Se não quis, na reescrita que esta reedição permitiu, apagar os sinais dessa inocência e inexperiência. Pareceu-me, todavia, que tinha feito um caminho nestes dez anos e que mesmo o meu modo de escrever se alterou e amadureceu, integrou marcas da passagem do tempo. Nesse sentido, resolvi aproveitar a reedição da novela para ajustar o texto e para corrigir alguns erros que agora se me afiguram demasiado óbvios. O processo de reescrita acabou por introduzir muito mais alterações do que aquelas que contava fazer, mas creio que era inevitável que isso sucedesse. Depois de mexer numa frase, todas as outras têm que ser ajustadas a esta nova realidade.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Tenho a noção exacta de que, em dez anos, escrevi e publiquei muita coisa e de que não teria vindo mal nenhum ao mundo se alguns desses livros tivessem ficado na gaveta, à espera de uma leitura mais atenta, a amadurecerem. Fui, de algum modo, presa fácil da necessidade de ir fazendo coisas e de mostrar serviço, mas também é verdade que é muito difícil controlar certos impulsos. O que estou a escrever agora ainda não sei bem o que é ou o que vai ser. Tenho uns milhares de caracteres escritos e um título provisório. Mas pretendo ir avançando pausadamente, com outro tempo, sem prazos e sem pressas, sem precipitações.