MANUEL JORGE MARMELO: 20 Anos de Livros
Manuel Jorge Marmelo comemora este ano 20 anos sobre a edição do seu primeiro livro: O Homem que Julgou Morrer de Amor, obra que hoje considera “um primeiro passo, titubeante e pouco firme”. Mas este livro foi uma porta que abriu uma carreira recheada de bons livros e vários prémios.
Jornalista de profissão, o autor afirma que a ficção lhe dá prazer e que os primeiros livros surgiram apenas “pela simples necessidade de fazer coisas e de provar a mim mesmo que era capaz”.
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R- Vejo-a como um primeiro passo, titubeante e pouco firme, do percurso literário que tenho, depois disso, tentado percorrer. Mas era muito novo, tinha 24 anos quando publiquei O Homem que Julgou Morrer de Amor. Dez anos depois, quando me propus reeditá-lo, percebi o quanto tinha sido capaz de evoluir desde essa primeira tentativa e, por isso, senti-me obrigado a alterar bastante o texto inicial, melhorando-o e aprimorando-o.
P-Como conseguiu publicar? Teve muitas recusas antes da edição?
R- Não. Tive apenas uma recusa, curiosamente da Quetzal, editora com a qual hoje publico. Depois dessa recusa soube do aparecimento de uma nova editora no Porto, a Campo das Letras, à qual levei o original. Tive a sorte de eles estarem a preparar o lançamento de uma colecção dedicada aos novos autores portugueses e acabei por ser o primeiro escritor a ser publicado nessa colecção. Depois disso houve um verdadeiro boom de surgimento de novos autores.
P-Conseguiu imaginar, nessa altura, que poderia tornar-se um dos autores premiados e de referência em Portugal?
R- Não. Nem sequer pensava nisso. Queria apenas escrever ficção, na medida em que era uma coisa que me dava prazer e pela qual eu sentia
alguma apetência e curiosidade, desde logo enquanto leitor. Os meus primeiros livros surgiram todos assim, pela simples necessidade de fazer coisas e de provar a mim mesmo que era capaz.
alguma apetência e curiosidade, desde logo enquanto leitor. Os meus primeiros livros surgiram todos assim, pela simples necessidade de fazer coisas e de provar a mim mesmo que era capaz.
P-De todos os livros que escreveu, tem algum preferido? Qual?
R- Essa é uma pergunta impossível de responder. Quando está a ser escrito, cada livro é merecedor da total dedicação do autor. De outro
modo, não chegaria a existir. Mas, quando está terminado, o livro seguinte, ou a ideia do livro seguinte, acaba por concentrar a atenção e a preferência do autor. O livro preferido é sempre o próximo, aquele que ainda é só um germe de livro e que a inépcia (ou as limitações) do autor ainda não prejudicaram.
modo, não chegaria a existir. Mas, quando está terminado, o livro seguinte, ou a ideia do livro seguinte, acaba por concentrar a atenção e a preferência do autor. O livro preferido é sempre o próximo, aquele que ainda é só um germe de livro e que a inépcia (ou as limitações) do autor ainda não prejudicaram.
P-O facto de ser jornalista teve uma grande importância para a construção da sua escrita?
R- Claro que sim. O jornalismo diário, a que me dediquei profissionalmente entre os 18 e os 40 anos, permitiu-me fortalecer o músculo da escrita, tornando-me mais capaz de adequar as ferramentas da língua às ideias, sensações e situações que quero transmitir nos livros.
P-Leituras: autores que o tenham influenciado?
R- São muitos, provavelmente todos os livros que li e de que gostei, e mesmo, se calhar, alguns dos que não gostei. Escreve-se sempre
encavalitado sobre uma pilha de livros de outros autores, todos muitos diferentes uns dos outros e, às vezes, aparentemente inconciliáveis. O que há de comum, por exemplo, em José Rodrigues Miguéis e Julio Cortázar? Quase nada. Entre Rubem Fonseca e, por exemplo, Jorge Amado, García Márquez ou Saramago? A mesma coisa, muito pouco. Mas, de algum modo, todos contribuíram para a formação do autor em que me vou transformando.
encavalitado sobre uma pilha de livros de outros autores, todos muitos diferentes uns dos outros e, às vezes, aparentemente inconciliáveis. O que há de comum, por exemplo, em José Rodrigues Miguéis e Julio Cortázar? Quase nada. Entre Rubem Fonseca e, por exemplo, Jorge Amado, García Márquez ou Saramago? A mesma coisa, muito pouco. Mas, de algum modo, todos contribuíram para a formação do autor em que me vou transformando.
P-Se pudesse, que livro de outro autor gostaria de ter escrito?
R- Provavelmente todos aqueles de que gostei muito. E são tantos.
P-No seu processo criativo, trabalha em vários livros ao mesmo tempo ou prefere começar e acabar um antes de passar a outro?
R- Trabalho num livro de cada vez e quase sempre a muitocusto. Excepto durante o período de quase dois anos em que estive desempregado, tenho de conciliar a literatura com o trabalho e com a vida familiar, com as idas ao supermercado e a cozinha. Sucede muitas vezes que a tentativa de fazer avançar um livro, ao fim do dia, acabe por ser uma de luta desigual contra o sono e o cansaço.
P-Quais são, actualmente, os seus projectos? O que está a escrever?
R- Entreguei um original à editora há algumas semanas e estou à espera de saber o que lhes pareceu. Mas talvez ainda tenha de lhe
dedicar algum trabalho para estar realmente pronto. Depois disso espero retomar um projecto com alguns anos.
dedicar algum trabalho para estar realmente pronto. Depois disso espero retomar um projecto com alguns anos.
P-Como se vê, enquanto escritor, daqui a 20 anos?
R- Espero continuar a escrever, a ter ideias e motivação para escrever, e vontade de continuar a tentar fazê-lo um pouco melhor.
R- Espero continuar a escrever, a ter ideias e motivação para escrever, e vontade de continuar a tentar fazê-lo um pouco melhor.
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Manuel Jorge Marmelo
WEB: www.manueljorgemarmelo.com
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