Manual clássico de bem governar
Já lhe chamaram o grande educador da Europa. É o resultado de uma obra em que perpassam os grandes valores do Homem, os do seu tempo e do tempo de sempre. E que, por isso, também devem tocar-nos nos dias de hoje – de tanta confusão política, ideológica, moral.
Há solução? Aconselha Plutarco alguém que a razão “incita a fazer política” e que pede “instruções políticas”, em primeiro lugar a colocar “no fundamento da acção política” uma orientação cujo princípio assenta no discernimento e na razão.
Dito isto, o filósofo desaconselha que a opção resulte de “qualquer disputa ou por falta de outras actividades”, uma vez que observou haver quem, sem nada de interessante para fazer em privado, se virasse para os assuntos públicos “usando a política como um passatempo”.
E há os que, uma vez nela embarcados por acaso – como no caso de um barco – acabaram por enfadar-se mas não conseguem sair facilmente e “já em alto mar, olham ao longe, nauseados e maldispostos, mas são obrigados a ficarem e adaptarem-se às circunstâncias”.
O problema, comenta, é que os assim feitos navegadores da política acabam a denegri-la, condenando-a e deplorando-a, “ou porque caíram em descrédito enquanto esperavam a glória, ou porque se debatem com situações perigosas e tumultuosas”.
Dos motivos para entrega à vida política afastado está, claro, o interesse ou o lucro, coisa que Plutarco exemplifica com a “ceifa de ouro” que Estrabocles e Dromoclides usavam para brincar com a tribuna.
Estas e outras palavras que o leitor descubra são de todos os tempos. Como a questão dos amigos, dos benefícios particulares, dos favores que “não atraem a inveja”, os “honestos e generosos” que não lhe repugnam. Condena, isso sim, “as petições indignas e insensatas”, que devem ser recusadas com suavidade, explicando com cuidado que são indignas pelo seu valor e reputação.
Bom, para resumir, Plutarco legou-nos um manual de boas maneiras e decência para orientação de todos e dos que à causa pública se dedicam.
Que fique mais uma máxima em vésperas destes sufrágios que mobilizam as atenções: “Nem sempre são as rivalidades sobre as coisas comuns que acendem a disputa na cidade, mas muitas vezes dissensões vindas de assuntos e conflitos privados que, passando para o plano público, semeiam o distúrbio por toda a cidade.”
O que estes gregos sabiam, não é?
__________
Plutarco
Conselhos aos políticos para bem governar
Publicações Europa-América, 14,90€
Há solução? Aconselha Plutarco alguém que a razão “incita a fazer política” e que pede “instruções políticas”, em primeiro lugar a colocar “no fundamento da acção política” uma orientação cujo princípio assenta no discernimento e na razão.
Dito isto, o filósofo desaconselha que a opção resulte de “qualquer disputa ou por falta de outras actividades”, uma vez que observou haver quem, sem nada de interessante para fazer em privado, se virasse para os assuntos públicos “usando a política como um passatempo”.
E há os que, uma vez nela embarcados por acaso – como no caso de um barco – acabaram por enfadar-se mas não conseguem sair facilmente e “já em alto mar, olham ao longe, nauseados e maldispostos, mas são obrigados a ficarem e adaptarem-se às circunstâncias”.
O problema, comenta, é que os assim feitos navegadores da política acabam a denegri-la, condenando-a e deplorando-a, “ou porque caíram em descrédito enquanto esperavam a glória, ou porque se debatem com situações perigosas e tumultuosas”.
Dos motivos para entrega à vida política afastado está, claro, o interesse ou o lucro, coisa que Plutarco exemplifica com a “ceifa de ouro” que Estrabocles e Dromoclides usavam para brincar com a tribuna.
Estas e outras palavras que o leitor descubra são de todos os tempos. Como a questão dos amigos, dos benefícios particulares, dos favores que “não atraem a inveja”, os “honestos e generosos” que não lhe repugnam. Condena, isso sim, “as petições indignas e insensatas”, que devem ser recusadas com suavidade, explicando com cuidado que são indignas pelo seu valor e reputação.
Bom, para resumir, Plutarco legou-nos um manual de boas maneiras e decência para orientação de todos e dos que à causa pública se dedicam.
Que fique mais uma máxima em vésperas destes sufrágios que mobilizam as atenções: “Nem sempre são as rivalidades sobre as coisas comuns que acendem a disputa na cidade, mas muitas vezes dissensões vindas de assuntos e conflitos privados que, passando para o plano público, semeiam o distúrbio por toda a cidade.”
O que estes gregos sabiam, não é?
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Plutarco
Conselhos aos políticos para bem governar
Publicações Europa-América, 14,90€