Mafalda Damas Revés: O que Rasga o Céu

1-«O que Rasga o Céu» é o seu romance de estreia: como espera poder olhar para ele daqui a 20 anos?
R-O que escrevemos e como escrevemos está diretamente relacionado com a nossa experiência de vida e maturidade, mas espero poder sentir-me contente com esta história daqui a 20 anos, mesmo sabendo que se a tivesse escrito décadas mais tarde a teria escrito de modo diferente. Não necessariamente melhor, mas diferente.

2-Qual a ideia que esteve na origem deste livro?
R-Penso que a ideia que esteve na origem do livro foi a de tentar de algum modo conservar um mundo que está a desvanecer, uma vez que aqueles que o viveram estão a desaparecer. O livro é inspirado nas memórias que os meus avós e também os meus tios avós têm da vida deles e também nas memórias que eu criei através das memórias deles. O que pretendi fazer foi cristalizar um tempo, costumes, práticas e modos de estar. Por outro lado, acho que comecei de alguma forma a escrever esta história para me ajudar a justificar porque é que eu me sentia alentejana e sobretudo porque é que a minha terra, Vendas Novas, era parte do Alentejo, mesmo não sendo o Alentejo dito profundo.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R-Gosto de escrever ficção mas também não-ficção, e como tal, vou gravitando entre as duas. Neste momento estou a trabalhar num conjunto de histórias de não-ficção relacionadas com a guerra na Síria e refugiados. A ideia é construir uma contra narrativa em relação à imagem muitas vezes estereotipada das mulheres sírias e de refugiadas em geral, apresentada pelos órgãos de comunicação social e até mesmo por alguma literatura ocidental. As histórias pretendem apresentar as mulheres não apenas como vítimas de uma guerra, mas antes como agentes de transformação das suas próprias vidas e membros ativos em todos os sectores da sociedade.
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Mafalda Damas Revés
O que Rasga o Céu
Guerra e Paz  14,50€

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