Luís Filipe Costa | A Borboleta na Gaiola

1-O que representa no contexto da sua obra o livro «A Borboleta na Gaiola»?
R- «A Borboleta na Gaiola» foi o meu primeiro romance. Desse modo, iniciava o que esperava que fosse uma trilogia sobre um certo território citadino (Lisboa) habitado por gente dos jornais, da televisão, do cinema e do teatro que se arrasta pela noite numa forma peculiar de querer gostar da vida e de fazer a mudança política. Vistosa, como a borboleta, esta gente não produz, porém, um som que incomode verdadeiramente o poder fascista. Isso é para os pássaros canoros, os autênticos revolucionários, que estão ausentes deste romance.

2-Qual a ideia que esteve na origem do livro?
R- Foi um poema do japonês Bashô, que diz assim: «Se a borboleta/ cantasse/ haveria de sofrer/ o martírio da gaiola»
Já o segundo romance [Agora e na Hora da Nossa Morte], que transpõe praticamente os mesmos personagens para o ano 1986, foi despoletado por outra frase de outro poeta, este o inglês Auden: «Quando uma revolução entra em refluxo, o melhor que há a fazer é abrir o bar».

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Eu, preguiçoso, me confesso. Estou à espera (sem pressa nenhuma…) que outro poeta me arraste para o final da trilogia…

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Luís Filipe Costa
A Borboleta na Gaiola
Nova Vega,