José Milhazes | Lavrenti Béria: o Carrasco ao Serviço de Estaline

1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro «Lavrenti Béria: o Carrasco ao Serviço de Estaline»?
R- A ideia foi dar a conhecer, de forma mais aprofundada, aos leitores lusófonos um personagem importante da História Soviética e Mundial. Béria aparece praticamente citado em todas as obras referentes a Estaline e ao estalinismo, mas não conheço uma biografia especialmente escrita sobre ele fora da Rússia. Considero que era preciso uma análise mais profunda sobre a vida e obra deste homem que continua a ser alvo de polémica na Rússia actual. Sendo uma figura tenebrosa para uns, é um herói, um génio para outros. Além disso, a Rússia tem entre os seus dirigentes numerosos políticos que foram educados e trabalharam para a polícia política e serviços secretos soviéticos que ele comandou durante muitos anos. Será que isso se reflecte no modus operandi deles?

2-Qual o principal papel de Béria na URSS de Estaline?

R- Béria dirigiu uma enorme máquina repressiva que tinha como objectivo levar à prática a política do ditador soviético José Estaline. Béria foi encarregado de tarefas bem diferentes: liquidar os inimigos do ditador dentro e fora do país, sendo o caso mais flagrante o assassinato de Trotski no México; coordenar os serviços de espionagem soviéticos em momentos importantes como nas vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial; velar pela execução de mais de 20 mil polacos em Katyn; dirigir o fabrico das primeiras bombas atómica e de hidrogénio soviético, nomeadamente com a ajuda da espionagem, etc.

3-De acordo com a sua investigação, como se explica a crueldade e o carácter sinistro da acção deste homem?

R- Este homem estava inserido num sistema de poder que não deixava alternativas: ou cumprias à risca as ordens de Estaline, ou eras simplesmente preso e liquidado. A máquina do “terror vermelho” foi accionada por Lenine e Trotski em 1917 e só parou em 1991, com o fim da URSS. Com maior intensidade, ela funcionou na era de Estaline (1924-1953), sendo Béria um dos principais “maquinistas”. Se não fosse Béria, certamente que o ditador não teria dificuldade em arranjar outros dirigentes para a sua polícia política. Personagens como a de Béria são típicas de regimes totalitários, sejam de esquerda ou de direita”. Não foi por acaso que Estaline lhe chamou o “Himmler soviético”.
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José Milhazes
Lavrenti Béria: o Carrasco ao Serviço de Estaline
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José Milhazes na “Novos Livros”
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