José Manuel Teixeira: “O meu percurso poético nasceu na escola de Quibaxe”

1-Como recebeu a notícia de que um livro seu era o vencedor, pela segunda vez, do Prémio Nacional de Poesia da Vila de Fânzeres?
R-Recebi a notícia de ter mais um livro a vencer este certame pela Presidente das Juntas de Freguesia de Fânzeres e de S.  Pedro da Cova, Dra. Sofia Martins. Estava o dia correr mal pelo que proporcionou uma enorme satisfação, com se depreende facilmente. Não é todos os dias que se recebe um prémio literário, especialmente este que – apesar do prémio monetário não ser elevado – tem sempre um bom número de participantes, dos quais integram uma mão cheia de poetas muito bons e vencedores em vários concursos literários, nomeadamente Joaquim Manuel Serra, José Carlos Barros, Paulo Assim, Luís Aguiar, José Ricardo Nunes ou João Pedro Messeder. E por que há sempre a possibilidade de surgir um jovem com uma poesia que surpreenda pela novidade e, simplesmente, cativar o júri.

2-Qual a ideia que esteve na base deste livro “Na Sombra das Raízes”?
R-Não me parece existir uma ideia de base para desenrolar um livro, no meu caso, porque escrevo poesia regularmente, tirando os meses de agosto, em que o tempo cai para viagens e férias, e setembro, como é o mês do início do ano letivo, consome-me muito tempo como professor, tirando-me toda a disposição para a escrita. Este livro saiu de um conjunto de poesias, quando me apercebi que muitas tinham uma nuance a lembrar a biográfica, mesmo dando-lhe antídotos para os tornar distantes de mim ou do meu passado. As outras poesias que não se enquadravam pela forma ou conteúdo destinam-se a outras obras. O primeiro conjunto apurado deste livro foi recebendo novos poemas até atingir as trinta e poucas páginas. Entretanto, apanhei o regulamento e comecei a trabalhar os poemas, isto relê-los, melhorá-los e, simultaneamente, indo acrescendo outros poemas. Quando cumpriu os requisitos do regulamento seguiu para simpática freguesia de Fânzeres. Na fase final, apercebi-me e servi-me de parte de um verso o título. Nem sempre é fácil arranjar um título que se apreste como ótimo, que pela criatividade, quer por responder plenamente à obra. Dos cinco livros publicados e de outros tantos inéditos há um título que me anda a fazer mossa, por o atirado para a capa por falta de tempo e de inspiração se assim me posso exprimir.

3-Este não é o seu primeiro livro: que percurso teve já a sua obra?
R-Este é o meu décimo segundo livro. Mas o percurso poético nasceu, quando um professor, na escola de Quibaxe, no quinto ano pediu, a todos os seus alunos, um poema para um concurso. O professor escolheu também o meu que veio a receber como prémio o livro de Luís de Camões, com uma encadernação rubra e de capa dura. No final do 6º ano, pedi ao meu pai uma máquina de escrever Olivetti, que escolhi mais pela sua cor azulada do que pela marca. Sempre descobria uns jogos florais, e a máquina acompanhou-me na escrita até à compra de um computador. A máquina de escrever foi uma peça fundamental para poder concorrer aos jogos florais. Dessas participações vim recebendo prémios – já que era impossível estar nas cerimónias de entrega, a maioria das entidades promotoras enviavam-nos para minha casa, dos quais recordo alguns serem provenientes de Silves, de Reguengos de Monsaraz, de Sesimbra, de Vila Real, da Régua ou dos Açores.   Quando estudava em São Miguel integrei a coletânea Carrocel de Nós, com a chancela da Universidade dos Açores. Também escrevia para alguns jornais escolares e regionais, nomeadamente para a Voz de Trás-os-Montes e o Açoriano Oriental. Continuei a integrar outras coletâneas, até que em 1993, arrecadei o 2º Prémio no Certame Literário Galego-Português “Caminho Português” com o original intitulado Dezasseis Poemas de Circunstância que o publiquei, em edição de autor, no ano de 2002. Deixei então os jogos florais e tenho concorrido para vários certames literários nacionais e da Galiza, que já agraciaram com 12 trabalhos distinguidos com Menção Honrosa ou com o primeiro prémio.
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José Manuel Teixeira
Na Sombra das Raízes
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