José Machado Pais | Lufa-Lufa Quotidiana

1-De que trata este seu livro «Lufa-Lufa Quotidiana»?

R-O livro aborda o ritmo apressado de vida quotidiana em meio urbano, esse ritmo de vida que Álvaro de Campos, em A Passagem das Horas, retratava como uma bebedeira de rua, de tudo sentir, ver e ouvir ao mesmo tempo.O livro explora a alienação que ameaça os habitantes das cidades quando não conseguem, mentalmente, representar-se nelas. A chamada indolência urbana decorre de uma «demissão subjectiva» que Lacan associava às depressões. Não é por acaso que a cidade, em vários spots publicitários, nos alerta para o drama do apressuramento: “Vai uma rapidinha?”; “Vai ser tão bom, não foi?”; “Chá pau de Cabinda, contra a impotência sexual”… Estamos a falar de males do íntimo que reflectem maleitas do modo de vida urbano.

2-De forma resumida, qual a principal ideia que espera conseguir transmitir aos seus leitores?
R-O livro não trata apenas das dolências e indolências da vida urbana. Pretende mostrar que o sentido da cidade pode ser reconquistado por quem nela vive ou transita, mas para isso é necessário uma mudança de atitude; políticas culturais que permitam que a polis (da ordem do político) não se divorcie da urbs – que é o pulsar da cidade, em toda a sua expressividade cultural.

3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento?
R- Estou a escrever sobre “Afectos e sexualidades Juvenis” e a preparar a edição de um documentário sobre um fado que descobri no Brasil e que vem do tempo dos escravos. Ver Trailer
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José Machado Pais
Lufa-Lufa Quotidiana. Ensaios sobre Cidade, Cultura e Vida Urbana
ICS