José Jorge Barreiros | Democracia, Comunicação e Media

1- De que trata este seu livro “Democracia, Comunicação
e Media”?
R- Este livro apresenta uma reflexão sobre comunicação
pública, media, política e democracia. Resulta de um trabalho académico podendo
ser útil, e acessível, a interessados nestes temas fora da academia. Contempla
quatro capítulos principais, autónomos mas complementares, rematados por uma
reflexão final.
1 – Democracia, Comunicação e Política
2 – Públicos, Media e Audiências
3 – Media, Opinião Pública e Vida Pública
4 – Informação e Media na Época da Telecomunicação em Rede
5 – Nota Final. Media Democracia e Cidadania
Analisam-se diferentes temas relativos à importância da
comunicação pública na política, à atuação dos media e do agir social através
dos media, condição de existência e indicador de consistência dos sistemas
democráticos.
No capítulo 4 faz-se enquadramento e análise das tendências
de mudança nos media e nas sociedades contemporâneas, face à emergência das
redes digitais, discutindo desafios que colocam aos media, à comunicação
pública e à democracia.
2- De forma resumida, qual a principal ideia que espera
conseguir transmitir aos seus leitores?
R-Vou tentar resumir, muito abreviadamente, em tópicos, os
pilares da ideia: (1) a política é a esfera da vida coletiva onde se equacionam
e decidem os problemas comuns e a governação; (2) em democracia depende de como
responde à opinião e expetativas dos cidadãos, dos resultados das políticas e
do exercício da cidadania; (3) a informação e a comunicação pública, condição
de democracia e cidadania, visam informar e elucidar os cidadãos, para uma
existência integral e uma participação consciente e esclarecida; (4) daí que as
atuações dos media e nos media sejam cruciais; (5) dependem dos profissionais e
responsáveis dos media, de quem e como se age socialmente via media, da
atividade e opinião dos utilizadores de media, consumidores e cidadãos; (6)
interessam a sujeitos e instituições, a quem procura informar, ter voz ou
notoriedade pública, e a quem pretende informar-se; (7) o que apela a
responsabilidade de quem manda, faz e recorre aos media; (8) e a maior relevo
público do escrutínio da respetiva conduta, adequado ao papel essencial que têm
na vida pública e política.
Analisa-se ainda como a mudança, nas sociedades e nas
tecnologias de informação, está a resultar em obsolescência dos media
convencionais: (a) demora na resposta às novas oportunidades de informar e
informar-se facultadas pelos media digitais; (b) dificuldade em estabilizar um
modelo de negócio online  sustentável, de
que resulta fragilidade económica e empresarial em certos setores da indústria
de media; (c) insuficiente atenção às expectativas e interesses dos seus
públicos, condição para gerarem consumo e audiência, também indicador de
responsabilidade como meios de informação e comunicação pública. Isto apela a
urgente inovação editorial e empresarial que potencie adequação ao novo
contexto, articulando sustentabilidade económica e responsabilidade pública de
meios que são cruciais à cidadania e à política em democracia.
3-Pensando no futuro: o que está a escrever neste momento e
que pistas de investigação se seguem no seu trabalho?
R- Neste momento estou a equacionar prioridades (e
oportunidades de trabalho) no aprofundamento destes temas, nomeadamente no que
respeita aos desafios que a mudança dos media e da sociedade coloca à inovação:
nos media e empresas de media, no jornalismo, na reconfiguração da oferta
informativa e das oportunidades de informar e informar-se, na comunicação
pública via media em geral.  Penso que a
necessária inovação empresarial e editorial pede melhor conhecimento e atenção
à opinião e expectativas dos cidadãos, utilizadores e consumidores de media, o
que neste momento vejo como prioridade nos vários planos (economia, política,
cultura, cidadania) desta questão.
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José Jorge Barreiros
Democracia, Comunicação e Media
Editora Mundos Sociais, 11,30€