José Carlos Barros: a continuação do poema
Crónica
| Rui Miguel Rocha
É a estação a que queremos chegar e também aquela de onde podemos partir. No caso do JCB talvez tenha sido essa a sequência, se é que há sequência, não estou certo que tal coisa exista. O que nos interessa é a consequência: a continuação do poema.
E se somos jovens e como Rimbaud nada nos sustém, haja quem se aguente sem fugir para a terra de ninguém. Felizmente o JCB não fugiu, como se verá mais à frente. Entretanto, por este livro passam poemas, alguns leves como plumas, outros rápidos ou pesados como comboios. Todos para ler em voz alta e esperar pelo fim de tarde e pelos pássaros atrás dos quais o silêncio e as nuvens, o que nos impede o desgaste.
“(vês a ironia? tinta permanente)” pela nossa, eterna, mortalidade. Porque cada poema é isso mesmo: “a boca indecisa dos pássaros”, “garagens de fogo”.
E “um verso dura muitas vezes o instante do mistério” “como se/de súbito o desejo fosse o ofício dos nossos corpos”.
Enfim, tudo isto acaba por ser um “contrabando de luz e de mundo”.
E o meu desejo passa por nunca seres apanhado.
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José Carlos Barros
Estação. Os Poemas do DN Jovem (1984-1989)
On y Va 12€