Joaquim Fialho: Redes Sociais para além do “social media”
1-Qual a ideia que esteve na origem deste livro que organizou «Redes Sociais-Como Compreendê-las?»?
R-O ponto de partida para este livro foi dar um contributo para a compreensão da sociedade das redes. Tal como escrevo no livro, a complexidade da sociedade das redes na pós-modernidade é um tema sobre o qual me tenho apaixonado nos últimos anos. Há quinze anos, quando procurava um tema para o meu projeto de doutoramento, comecei a ler alguns textos sobre redes sociais. Nas primeiras leituras que realizei, ainda que prematuramente, percebi que poderia ser um tema apaixonante, não só pelo potencial metodológico que demonstrava, mas também pela linguagem complexa e sedutora que incorporava a análise de redes sociais. Nesta altura ainda não se falava em Facebook, Instagram, etc. Não se falava, porque não existiam. Desde aí, tenho procurado aprofundar o estudo das redes, não só na aplicação em trabalhos de investigação, como também na produção de livros e artigos que contribuam para a disseminação do tema em Portugal. Este livro é uma leitura obrigatória para quem quer compreender as redes sociais na atualidade.
2-A realidade a que chamamos genericamente de «redes sociais» não é uniforme e, sobretudo, é muito dinâmica: será que alguma vez a conseguiremos compreender?
R-Um dos contributos deste livro é ajudar a compreender a sociedade das redes. Hoje há uma certa confusão sobre o que se entende por rede social. Tal como escrevo no livro, as redes sociais têm a sua génese no início da civilização humana. Redes são relações. Desde que há relações entre pessoas que temos redes. Este livro procura, através da metodologia de análise de redes sociais, contribuir para essa compreensão. Há ferramentas que nos ajudam a entender a complexidade do mundo das redes. Hoje, há uma certa mediatização do termo rede social, o qual é utilizado de forma pervertida, confundindo-se a “social midia” com rede social. Quando o próprio conceito é rico em sentidos e contrassentidos, mais complexa se torna a tarefa de compreensão.
3-Que novas tendências consegue antecipar para o uso das redes sociais em Portugal?
R-O contexto de incerteza que vivemos remete-nos para muita prudência na elaboração de cenários em Portugal e no mundo. Se falarmos em redes enquanto relações, creio que uma das tendências nas relações humanas será a frieza e o distanciamento que se foi apropriando das nossas vidas. Se falarmos nas relações mediadas por plataforma digitais, a tendência de consolidação e reinvenção manter-se-á na escalada de consolidação e massificação.
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Joaquim Fialho (org.)
Redes Sociais-Como Compreendê-las?
Edições Sílabo 25,50€